A candidata à Prefeitura de Várzea Grande pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Leliane Borges, tem destacado sua militância desde a infância, uma trajetória marcada pela defesa dos direitos dos profissionais da educação e enfrentamentos públicos com o atual governador Mauro Mendes (União Brasil). Em entrevista recente ao Olhar Direto, Leliane ressaltou a importância de sua atuação sindical, mas também falou sobre os ataques pessoais que tem sofrido por conta de sua postura firme em embates políticos.

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Vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Várzea Grande (Sintep-VG), Leliane conta que sua militância começou quando era criança, influenciada pelo avô Amar, líder de uma comunidade quilombola no Maranhão. “Meu vovô Amar me levava para reuniões nas comunidades, dizia que unidos somos fortes, e essa foi a base de tudo que construí até aqui”, relembra.

Desde que se tornou professora e sindicalista, Leliane se envolveu cada vez mais nas lutas da classe trabalhadora, especialmente dos educadores. Ela destaca a importância do sindicato como um espaço de resistência e construção coletiva. "O maior quilombo que participo é o Sintep", afirmou, mencionando a necessidade de união para enfrentar as dificuldades que a categoria enfrenta.

Nos últimos anos, Leliane protagonizou embates intensos com o governador Mauro Mendes, especialmente em temas sensíveis como a educação pública e a militarização das escolas. Um desses confrontos ocorreu no início deste ano, durante um evento no Centro de Eventos do Pantanal, onde a sindicalista interpelou Mauro de maneira veemente, cobrando mais diálogo com os profissionais da educação.

O episódio foi amplamente criticado por membros do governo, que acusaram Leliane de adotar uma postura agressiva e "odiosa". “O governo tenta criar uma narrativa de que o sindicato odeia a educação, mas quem desconhece o processo educativo é ele”, rebateu Leliane. Ela também frisou que, enquanto o governo fecha escolas e adota medidas que desmantelam o sistema educacional, os sindicatos estão na linha de frente da luta por melhorias.

Outro momento polêmico ocorreu no ano passado, durante o debate sobre a militarização da Escola Estadual Adalgisa de Barros, em Várzea Grande. A candidata criticou o processo de implementação da medida, afirmando que não houve espaço suficiente para o diálogo e a participação da comunidade escolar. Um vídeo da discussão viralizou, sendo usado como munição para ataques a sindicalistas.

Além dos embates políticos, Leliane também tem enfrentado ataques pessoais. A sindicalista revelou que foi chamada de "barraqueira", um termo que ela considera carregado de preconceito, principalmente contra mulheres que se posicionam de maneira firme no debate público. “Barraqueira é um termo usado para desqualificar a mulher que não segue o padrão de docilidade que a sociedade espera”, comentou.

Ela também mencionou ofensas relacionadas à sua aparência e orientações políticas, com pessoas associando seu uso de turbante à religiosidade africana e fazendo comentários preconceituosos sobre sua vida pessoal. “Já me chamaram de ‘macumbeira’, e isso mostra o quanto ainda vivemos em uma sociedade que discrimina com base na ignorância e no preconceito”, disse.

Perspectivas para VG

Como candidata à prefeitura de Várzea Grande, Leliane defende um modelo de gestão inclusivo, que valorize a educação e promova políticas públicas que dialoguem com as necessidades da população. Para ela, a cidade precisa de uma gestão que enxergue a educação como um pilar fundamental para o desenvolvimento social e econômico.

Se eleita, Leliane promete dar voz às comunidades e enfrentar os desafios impostos por políticas que, segundo ela, têm negligenciado as demandas dos mais vulneráveis. "Meu compromisso é com o povo e com uma gestão que traga de volta o respeito e a dignidade para nossa cidade", finalizou.