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Terça-feira, 30 de abril de 2024

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Mara Manzan tenta controlar seu jeito ''desbocado''

A sonora gargalhada de Mara Manzan finaliza grande parte de suas frases. Por emanar esse clima constantemente descontraído, a principal preocupação da atriz era controlar essa expansividade na pele da serena indiana Ashima em Caminho das Índias.

A paulistana de 56 anos teve de aprender a se conter, rir com a mão no rosto e exercitar gestos mais calmos numa personagem que vai na contramão de todos os outros papéis em seus 15 anos de carreira na TV. "Estou mais educada com ela. Virei uma marionete para a Glória Perez me conduzir", analisa, aos risos.

A Ashima é uma personagem serena, diferente de tudo o que você já fez na TV. Como tem sido?


Ela é o oposto da minha trajetória. Tenho mais de 30 anos de profissão e nunca fiz uma mulher tão calma. Ela fala sobre amor, família, paz, passa mensagens positivas. Isso é importante num momento de tanta violência como o que vivemos. Quando a Glória (Perez) me chamou, aceitei de olho fechado. Ao saber como era a personagem, confesso que tive medo. Mas logo percebi o quanto ela era importante depois do câncer que tive. Fiquei apaixonada, enamorada por ela quando fui estudar a cultura indiana e ver como eles têm um lado espiritual forte. Tanto que depois que comecei a fazer a novela, não tenho nem conseguido comer carne vermelha.

Como você reagiu ao retomar a sua carreira após a cirurgia do câncer no pulmão com uma personagem tão tranqüila?
Tem sido muito louco porque não consigo sossegar nunca, muito menos profissionalmente. Depois da cirurgia, já estava comendo pizza, andando pelo hospital. Quinze dias depois, fui para a Amazônia toda inchada. Os índios vieram, me benzeram, foi uma festa. Logo fiz uma peça, gravei com a Xuxa e fui chamada pela Glória para fazer a novela. Não parei e tive conseqüências por isso. Tanto que sinto dor até hoje, mas fiquei feliz por não ter morrido. Tive muita motivação para ficar bem com o convite para a Ashima. A Glória me fez olhar os personagens de outra maneira. Me mostrou que as indianas não dão gargalhada, não são escrachadas e eu, que sou uma bagaça, me empolgo mesmo.

A que você atribui fazer personagens sempre tão populares na TV?
Sorte. As pessoas falam que sou muito carismática e tento me distanciar para enxergar isso. Mas me identifico muito com personagens populares porque gosto de gente. Por isso fiquei meio receosa com a Ashima no início. Ela é contida, o público vai me abordar com mais delicadeza, não vão me dar porrada no braço. Quando fazia as bagaceiras, levava cada tapão. Era uma intimidade comigo.

Além das personagens mais despachadas, sua trajetória na TV foi pontuada por personagens cômicas. Foi uma escolha?
Nem sabia que tinha veia cômica. Mas, desde criança, quando ia contar um caso na minha casa, as pessoas riam e eu ficava muito irritada. Não sabia que isso ia servir para minha vida profissional. Não fazia comédia no teatro, minha escola foi o Teatro Oficina, trabalhei com o Zé Celso, pessoas engajadas. Fui do Sindicato dos Artistas e tive uma vida mais séria em São Paulo. Quando vim para o Rio e fui fazer A Viagem, já entrei no núcleo cômico, com a Nair Belo e o Ary Fontoura. Meu personagem não era para ter nada de engraçado, mas as pessoas riam. Depois, fiz a Sexta-feira de Salsa e Merengue. Era uma empregada que não tinha nem fala no início, fazia caras e bocas, mas explodiu. Sempre foi assim. Tive de aprender a fazer comédia.

Nunca houve convite para personagens dramáticos?
Não me vêem como uma atriz séria (risos). O público gosta de mim assim e também aprendi a gostar. Um dia, em cartaz com Monólogos da Vagina, faltou luz no teatro, que estava lotado. Entrei no palco e fiquei 45 minutos improvisando. Contei como me comporto como vou para fora do Brasil, que não falo outra língua, minhas bobagens. Dizia: 'Gente, pelo amor de Deus, vai embora que não tenho mais o que falar para vocês'. Eles riam e ninguém se foi. Voltou a luz, andei para trás e avisei que entraria na personagem. Começaram a me aplaudir em pé, fiquei muito emocionada e decidi que vou fazer um monólogo todo no improviso. Ai, meu Deus!

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