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Sábado, 27 de abril de 2024

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"Diminuí bem o cigarro: agora só fumo quando bebo", diz Zeca Pagodinho

"Pescocinho tem que comer com a mão", explica Zeca Pagodinho, sem tocar na comida. "Não como nada antes de beber. Se boto qualquer coisinha no estômago, é cama na certa."


Era uma espécie de Santa Ceia. Todos sentados à mesa, bebendo o vinho -- e o uísque, e, mais ainda, a cerveja. Comendo o pão -- neste caso, a galinhada com mandioca. E escutando, com toda a atenção dos ouvidos, as palavras do mestre.

"Diminuí bem o cigarro: agora, só fumo quando bebo", ele diz, e todo mundo ri ao mesmo tempo. Talvez nem fosse sua real intenção fazer graça com aquilo. Mas soa como ironia.

À beira de lançar outro DVD, "MTV Especial: Uma Prova de Amor - Ao Vivo" (veja quadro), Zeca prefere não falar em música. Não ali em Xerém, a uma hora de distância da zona sul do Rio, onde todos estão reunidos. Zeca é uma espécie de embaixador daquele município.

Tem seu apartamento na Barra, onde passa os "dias úteis" -- mas é no sítio de Xerém que se diverte de fato.

"Na Barra, não bebo nunca. Não tem parceiro, tudo acontece muito tarde. Fico em casa sozinho, na seca. Tomo no máximo umas cinco, seis latinhas, canso e vou dormir." De novo, não era uma piada. Mas riem.

A ceia é composta pela família de Zeca -- sua mulher e seus dois filhos mais velhos: Eduardo, 22, e Louis, 20 --, amigos mais próximos, gente do samba e alguns políticos.

"Antes do Pagodinho ser artista, ele já era amigo de tudo o que é mendigo. Gosta do cara bem humilde", revela o ator Tony Mathias, uma "cria daqui de Xerém", que conhece Zeca "desde quando ele era pobre". "Se você visse como ele chegou aqui no começo... Num Corcel 2 com a porta amarrada."

"Depois que começou a fazer sucesso, juntou muito baba-ovo em volta", prossegue. "E ele foi ficando tão famoso que bastava uma foto assim no jornal [deita a própria cabeça no ombro direito do cantor] pra garantir minha história na Globo. Bastava isso e, no dia seguinte, ia ter Tarcisio Meira já me ligando pra perturbar."

A casa é espaçosa e se divide em duas alas -- a masculina e a feminina. A festa acontece ao ar livre, na ala masculina, onde ficam o quiosque com o fogão e duas mesas grandes. E, imponente, uma geladeira "oficial" da Brahma, daquelas verticais, como só se vê em botecos.

"O Dinho gosta de prato de plástico, recebe no quintal, na churrasqueira", diz a mulher, Monica, sobre Zeca. Ela administra tudo e, de vez em quando, ralha com o filho mais velho, que dedilha o violão: "Esse adora cantar de graça. Se fosse para subir num palco e ganhar dinheiro, duvido que ele ia".

Eduardo leva jeito para o negócio. Toca e canta bem. Desfia de cor todo o repertório de Chico Buarque, inclusive as canções mais obscuras. Sai de seu gogó -- e de uma coletânea de Jorge Ben -- toda a trilha sonora que se ouve por aquelas bandas no decorrer do dia.

Louis não gosta de cantar. Conta que é ele que abre os e-mails do pai e costuma respondê-los, inclusive as entrevistas. "Ah, são sempre as mesmas perguntas... Já sei exatamente que repostas que ele daria."

É que Zeca odeia dar entrevistas. Talvez seja por isso que Jane, sua assessora de imprensa há dez anos, tenha chegado à mesa tão cheia de cuidados para avisar que um jornalista quer falar com ele ao telefone.

"Você sabe que não gosto de dar entrevista quando bebo", ele reclama. Ela rebate, tão firme quanto carinhosa: "Mas o que eu faço? O mundo continua andando quando você bebe".

Quando o telefone toca, cadê Zeca? "Você não viu ele comendo?", pergunta Monica. "Agora, não há cristo que acorde."
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