A recente fraude descoberta na prova do novo Enem voltou a gerar protestos na UFMT por ter aderido integralmente à medida do MEC. A briga dos estudantes contra a adesão do vestibular unificado já é antiga. Entenda todo processo de aprovação da nova prova na UFMT e suas implicações.
A proposta de mudança do Enem foi apresentada pelo governo federal no início de 2009. Desde então a recepção da notícia em MT não foi vista com bons olhos por grande parte da comunidade acadêmica e por estudantes secundaristas.
Na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), o Diretório Central dos Estudantes (DCE), juntamente com vários Centros Acadêmicos (CA’s) se manifestaram contra a proposta, alegando entre outras coisas, que a unificação prejudicaria estudantes do estado no processo seletivo.
Porém a reitora da UFMT, Maria Lúcia Neder, posicionou-se a favor da nova medida, causando atrito com parte dos alunos.
No dia 14 de maio, o Consepe (Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão), tinha uma reunião marcada para deliberar vários assuntos de interesse da universidade, e a adesão do novo Enem estava em pauta.
Tida como certa a aprovação integral da proposta do MEC, estudantes secundaristas de várias escolas da cidade, juntamente com estudantes de cursinho e acadêmicos da própria UFMT ocuparam a Reitoria para impedir a reunião.
A reunião não chegou a acontecer, mas mesmo assim a reitora, por meio de um ad referendum aprovou a adesão ao novo Enem, que deveria ser homologada em outra reunião.
No dia primeiro de junho, a homologação do ad referendum entrou em pauta na reunião do Consepe. Novamente várias manifestações ocorreram, e os estudantes fizeram de tudo para impedir a aprovação. Mas não adiantou. Por 34 votos favoráveis, três contrários e quatro abstenções, o novo Enem estava adotado na UFMT, e como fase única.
O que parecia a última cartada dos estudantes para reverter a decisão do Consepe aconteceu no dia 2 de julho. Centenas de alunos de várias escolas da capital marcharam pela cidade até o prédio do Ministério Público, na avenida Getúlio Vargas, e protocolaram um documento em nome das entidades estudantis de MT pedindo a revogação do novo Enem na UFMT.
Em quatro de agosto o Ministério Público Federal deu ser parecer: a decisão do Consepe é legitima. Para o procurador da república Gustavo Nogami, que assumiu o caso, a UFMT, por meio do seu Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão tem total legitimidade para decidir a forma de acesso aos seus cursos.
Fraude no Enem reabre polemica
As fraudes descobertas na última semana reaqueceram os ânimos e reabriram o debate na universidade. A prova do Enem vazou em São Paulo e deverá ser adiada. Aqui o fato gerou indignação nos vestibulandos, que voltaram a questionar a UFMT por aderir ao novo Enem como fase única do seu processo seletivo.
No último dia dois de outubro, vários estudantes foram à à Coordenação de Concursos e Exames Vestibulares (CEV) da UFMT cobrar uma atitude da instituição. Os alunos pedem que a UFMT abandone o Enem como fase única, e que elabore uma prova para os vestibulandos.
O professor Eurico Leitão, que coordena a CEV esclareceu que não cabe a ele decidir se a decisão do Consepe será revertida. Ele lembra que só o Consepe pode voltar atrás, e que caso isso ocorra, uma nova prova irá demorar cerca de quatro meses para ficar pronta.
Para chamar atenção da sociedade para o problema, outra manifestação deverá ocorrer nesta segunda-feira pela manhã, na avenida Fernando Correa. O protesto deve contar com a presença de estudantes de escolas e cursinhos públicos e privados, alem de acadêmicos da UFMT.