O ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il, fez uma rara aparição pública neste domingo para receber o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao. O regime de Pyongyang aproveitou a ocasião para divulgar que esta disposta a manter conversações bilaterais e multilaterais sobre seu programa nuclear.

"A Coreia do Norte nunca renunciou à vontade de realizar este objetivo [o fim dos programas nucleares da península coreana] por meio de um diálogo bilateral e multilateral", declarou Kim, segundo a TV chinesa.

Em meados de setembro, durante a visita de um representante chinês, Jong-il já havia dado mostras de reconciliação ao se declarar disposto a voltar à mesa de negociações "bilaterais e multilaterais".

As conversas de seis partes entre as duas Coreias, China, Japão, Rússia e Estados Unidos foram interrompidas há cerca de um ano, quando Pyongyang disse que boicotaria as sessões até que Washington encerasse as "atitudes hostis".

Iniciadas em 2003, as conversas têm como objetivo obter do regime norte-coreano a renúncia de suas ambições atômicas em troca de uma ajuda no campo energético.

O Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) aprovou mais um pacote de sanções e um embargo comercial e de armas contra a Coreia do Norte em junho passado, depois que Pyongyang realizou um teste nuclear no dia 25 de maio.
A agência de notícias chinesa Xinhua relata que o primeiro-ministro foi recebido no aeroporto por Jong-il, ditador que, segundo os EUA e a Coreia do Sul, sofreria de grave doença desde o ano passado e estaria preparando sua sucessão.

À noite, no horário local, Kim acompanhou Wen a uma performance da ópera "Sonho das Mansões Vermelhas", um história romântica escrita no século 18.

A visita, de três dias, é a mais importante de uma autoridade chinesa ao país desde a do presidente Hu Jintao em 2005. Ela marca as comemorações dos 60 anos de laço formal entre os dois vizinhos comunistas.

Jiabao está acompanhado pelo chefe da diplomacia, Yang Jiechi, e o representante chinês para as negociações multilaterais sobre o programa nuclear, Wu Dawei.