Desde 2005, a seca no Iraque forçou mais de 100 mil pessoas a deixarem suas casas no Iraque. Outras 36 mil devem sair de seus lares nos próximos meses com o esgotamento dos poços, disse nesta terça-feira a Unesco (Organização da ONU para a Educação, a Ciência e a Cultura).

A seca de quatro anos e o uso excessivo do sistema de poços levou ao colapso dos aquedutos subterrâneos, conhecidos entre os iraquianos como karez. Segundo um estudo da Unesco, apenas 116 dos 683 sistemas karez continuam operacionais.

O estudo diz ainda que 70% dos karez ativos secaram com o uso excessivo de seus recursos.

A organização, com base em Paris, na França, diz que o estudo é o primeiro a pesquisar os efeitos das secas nos sistemas de aquedutos iraquianos e concluem que uma mudança urgente é necessária para evitar mais deslocamento da população.

A Unesco entregou o inventário do sistema karez ao governo. Segundo a organização 84% deles estão em Sulaymaniyah e outros 13% na Província de Erbil. Um karez, cuja tecnologia foi desenvolvida na Pérsia antiga, pode produzir água potável suficiente para 8.640 pessoas e 1.140 casas.

"Hoje em dia, poucas pessoas no Iraque sabem como manter ou consertá-los, contribuindo para o estado de desespero", disse a Unesco, em comunicado.

Segundo a organização, comunidades inteiras fugiram por causa da falta de água e o número de habitantes na região caiu 70%. Como exemplo, cita a vila de Jafaron onde 44 dos 52 karez secaram desde 2008.

A Unesco diz que trabalha com o governo iraquiano desde 2007 para reabilitar o sistema karez. Em 2010, deve lançar a Iniciativa Karez de Revitalização Comunitária, para ajudar os moradores a reconstruir os aquedutos.