Importantes postos de comando da política externa brasileira deverão sofrer mudanças dentro de duas semanas, quando o secretário-geral do Itamaraty, Samuel Pinheiro Guimarães, segundo na hierarquia depois do chanceler Celso Amorim, completa 70 anos e será aposentado compulsoriamente.

No entanto, ele deixará apenas a Secretaria-Geral do Ministério das Relações Exteriores, mantendo-se no governo federal. Com sua saída, cargos ligados ao seu terão novos ocupantes.

Segundo diplomatas que acompanham o processo interno de mudanças, não haverá alteração das linhas política e econômica adotadas pelo Itamaraty. Será apenas uma adequação sem efeitos na estrutura ou na linha de atuação. Os nomes que ocuparão os principais postos pertencem ao grupo de confiança do presidente da República e do ministro Amorim.

Pinheiro Guimarães deverá assumir a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos), que é comandada interinamente por Daniel Vargas desde que Mangabeira Unger deixou a pasta, em junho, para retornar à Universidade de Harvard (Estados Unidos).

Para o lugar de Pinheiro Guimarães, na Secretaria-Geral, dois embaixadores estão cotados: Antônio Patriota, atual representante do Brasil nos Estados Unidos, e Ruy Nogueira, subsecretário-geral de Cooperação e Promoção Comercial. De acordo com diplomatas, o primeiro leva vantagem sobre o segundo, mas Nogueira é considerado mais experiente.

O embaixador do Brasil na Venezuela, Antônio Simões, deve assumir a Subsecretaria de Assuntos da América do Sul, uma vez que o atual subsecretário, Enio Cordeiro, é apontado como o novo representante brasileiro na Argentina. Para o posto em Buenos Aires, Ruy Nogueira também foi sondado, mas teria recusado.

O atual embaixador do Brasil na Argentina, Mauro Vieira, deve ser nomeado o representante brasileiro em Washington. Aos 49 anos, ele deverá ser um dos mais jovens embaixadores a assumir um posto considerado de relevância nas negociações diplomáticas.