Na tentativa de buscar apoio dentro da base governista à sua candidatura ao Palácio do Planalto em 2010, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) janta nesta terça-feira com a bancada do PR no Congresso --prática que se tornou comum na agenda da pré-candidata petista. Depois de conversar com o PDT, na semana passada, Dilma quer agora se aproximar do PR já com vistas em 2010.
Além dos deputados e senadores da legenda, também são esperados no jantar governadores e lideranças políticas do partido --como o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho. O encontro, articulado pelo ministro Alfredo Nascimento (Transportes), tem como objetivo aproximar Dilma da legenda.
Oficialmente, o tema do encontro não tem como foco uma eventual aliança do PR com o PT no ano que vem. Nos bastidores, porém, integrantes do partido reconhecem que Dilma quer estreitar o diálogo com os governistas em busca de apoio.
"O jantar é uma aproximação. Não é para tomarmos decisões. O que ainda precisa se definir é a aliança, numa conversa que não houve ainda. Havendo essa conversa, se fortalece a candidata", disse o deputado Luciano Castro (PR-RR) à Folha Online.
Apesar da maioria do partido defender a aliança com o PT nas eleições presidenciais, há um grupo que simpatiza com as candidaturas dos governadores José Serra (PSDB-SP) e Aécio Neves (PSDB-MG) à Presidência da República. Por esse motivo, integrantes do PR não acreditam numa sinalização imediata de apoio à candidatura de Dilma.
Segundo integrantes do partido, o PR tem impasses regionais a superar antes de definir um eventual apoio à candidatura da ministra.
"Nos Estados, mais de 60% ainda não têm posições definidas em relação às alianças. Precisamos de um pouco mais de tempo para poder dizer que vamos entregar essa mercadoria [aliança], para que depois a gente não deixe de entregar", disse à Folha Online o líder do PR na Câmara, Sandro Mabel (GO).
Na opinião do parlamentar, o encontro servirá para aproximar a ministra da bancada --uma vez que Dilma poderá responder a questionamentos dos integrantes do PR sobre temas como a descoberta do pré-sal e a execução orçamentária do governo.
"A bancada tem dúvidas que podem ser esclarecidas pela ministra. Estamos no governo do PT, seria natural começar as conversas com a candidata do governo", disse Mabel.
O senador César Borges (PR-BA) disse que as posições dentro da legenda ainda estão em "aberto" sobre eventuais alianças em 2010. "O partido faz parte da base, mas 2010 é um outro momento. O partido ainda não definiu com quem ficar em 2010. Há pessoas que apóiam a ministra Dilma, outros têm simpatias por nomes como os governadores José Serra e Aécio Neves. As posições estão abertas", disse Borges.
Conversas
Assim como o PR, Dilma já se reuniu com o PDT em busca de apoio para a sua candidatura. Com a possibilidade do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) se lançar na disputa ao Palácio do Planalto, a ministra quer buscar o apoio de partidos governistas ao seu nome temendo um racha dentro da base aliada.
O PV, que também apóia o governo Lula, vai lançar a senadora Marina Silva (PV-AC) na corrida presidencial.
Na semana passada, o PDT sinalizou que vai apoiar a sua candidatura ao Palácio do Planalto, apesar de não bater o martelo em favor da aliança nacional com o PT em 2010. Na conversa com a ministra, dirigentes do PDT foram praticamente unânimes em afirmar que o partido vai embarcar na candidatura de Dilma, mesmo com pendências regionais a serem superadas pela legenda nos Estados.
