O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) registrou nesta quinta-feira (22) que se completaram 30 dias de ocupação da embaixada brasileira em Tegucigalpa pelo presidente deposto de Honduras, Manoel Zelaya, e disse que o Brasil não pode aceitar que a representação do país seja usada politicamente.

- A embaixada chegou a ter trezentas pessoas lá dentro. Esse número foi diminuindo, mas estacionou em algo em torno de cinqüenta. Reportagens mostradas na televisão brasileira, de alguma maneira, constrangeram a todos nós, porque mostraram que os bens brasileiros, os dados brasileiros, estavam confinados atrás de uma porta e o Presidente Zelaya, instalado na sala do embaixador - afirmou.

Na avaliação de Azeredo, o abrigo se transformou numa situação de fato, vai se estendendo e o Itamaraty deveria, pela tradição diplomática, conceder asilo a Zelaya no Brasil. O senador observou que o 'abrigo' não é uma figura claramente definida juridicamente.

- São 30 dias em que o Brasil não tem a embaixada em suas mãos. Ela está nas mãos do presidente Zelaya e sua equipe. O nosso embaixador em Honduras está aqui no Rio de Janeiro, já que o Brasil retirou o embaixador de lá, não rompeu relações, mas retirou-o. Ele já está indicado para um novo posto, aprovado aqui pelo Senado já há dois, três meses, e vai assumir uma das embaixadas dos micro-países, Antigua e Barbuda, e nós continuamos sem uma definição - alertou.

Para Azeredo, o governo Lula deveria se preocupar com o Paraguai, que é sabidamente um fornecedor de armas contrabandeadas para as milícias e traficantes de drogas instalados nas favelas cariocas. Ele ressaltou a relação entre Lula e o presidente paraguaio, o ex-bispo da Igreja Católica Fernando Lugo, como um fator de pressão para que aquele país se dedique com mais firmeza ao combate ao contrabando.

- Todo respeito, toda colaboração com o Paraguai, mas é hora de o governo brasileiro usar essa amizade com o presidente Lugo para acabar com esse tipo de atuação - sugeriu.