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Domingo, 28 de julho de 2024

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Friboi: empresa tem limitação de capacidade produtiva

O presidente da JBS Friboi, Joesley Batista, afirmou hoje que a margem Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) das operações do grupo no Brasil deve se manter entre 5% e 6% este ano, apesar da alta do preço do boi no mercado interno e da queda dos preços de exportação. Durante teleconferência com analistas realizada hoje, Batista disse que a empresa enfrenta, no País, limitações na capacidade produtiva, problemas de disponibilidade de gado e alta do preço do boi. 


"No Brasil, as nossas margens caíram bastante, mas agora se estabilizaram", disse. Em 2007, a margem Ebitda das operações da JBS Brasil ficou em 17,2%. Em 2008, caiu para 7,8%. No quarto trimestre, a margem Ebitda ficou em 6,3%, praticamente estável ao terceiro trimestre de 2008 (6,2%), mas 12 pontos porcentuais menor do que a apurada entre outubro e dezembro de 2007 (18,2%).

Segundo Batista, a empresa está atuando de forma muito cautelosa no mercado doméstico, atuando para evitar problemas de inadimplência. "Privilegiamos cuidar do balanço do que ganhar um ponto a mais na margem", afirmou. "Se for necessário diminuir volume para garantir a saúde financeira da empresa, nós vamos fazer."

No quarto trimestre de 2008, a empresa também verificou um pior desempenho nas operações na Argentina. A margem Ebitda no país vizinho ficou negativa em 6% nos três últimos meses do ano, ante margem positiva de 3,2% no mesmo intervalo de 2007, ignorando o aumento de 56% na receita na mesma base de comparação. De acordo com o presidente do grupo, esse comportamento deve-se à perda de valor dos estoques mantidos naquele país.

Em razão da restrição às exportações impostas pelo governo argentino, o Friboi viu os seus estoques aumentarem para três meses e, no momento da comercialização da mercadoria estocada, os preços estavam extremamente baixos, refletindo a queda das commodities no mercado internacional.

National Beef

Quanto às operações da JBS nos Estados Unidos, as expectativas são positivas. O executivo explicou que as exportações a partir dos EUA não são tão afetadas pela crise financeira como as vendas externas do Brasil ou da América do Sul, pois a concessão de crédito a consumidores na maior economia do mundo já estava bastante disciplinada. "O volume deve ser superior a 2008. Temos mercados que se mostram favoráveis aos Estados Unidos por causa do câmbio, como o Japão", disse.

O presidente do Friboi não considera que a decisão de interromper a compra da National Beef, operação que proporcionaria um significativo aumento de porte do Friboi no mercado norte-americano, afetará a competitividade da empresa nos Estados Unidos. "Vamos continuar competitivos como já éramos. Até agora, o nosso crescimento naquele país foi focado dentro de nossas operações."

O presidente da JBS USA, Wesley Batista, afirmou que, com a decisão de não avançar no processo de compra da National Beef, o Friboi vai acelerar a integração das operações entre as empresas. "Vínhamos integrando as operações da Smithfield (empresa adquirida no ano passado) a passos lentos, esperando o que iria acontecer com a National Beef. Ainda há bastante coisa a ganhar em termos de sinergia (nas operações dos Estados Unidos)."

Endividamento

A concentração de 40% do endividamento bruto total da JBS Friboi em 2009 não preocupa o presidente da empresa. Segundo ele, JBS Friboi conseguiu renovar praticamente 100% das linhas a vencer até dezembro e somam R$ 2,215 bilhões. Desse total, R$ 969 milhões têm vencimento ainda no primeiro trimestre. Questionado sobre o custo dessas operações, o executivo admitiu que as taxas estão maiores, mas não revelou números. Ao fim de dezembro passado, a empresa tinha cerca de R$ 2,3 bilhões em disponibilidades de curto prazo e R$ 2,7 bilhões de capital de giro.

No quarto trimestre de 2008, o resultado financeiro do Friboi foi negativo em R$ 239 milhões, apresentando uma alta de 183% em relação ao prejuízo financeiro do mesmo período do ano anterior. Segundo Batista, esse aumento pode ser atribuído a uma maior despesa com juros e efeitos de variação cambial. Ao mesmo tempo em que a empresa se beneficia da apreciação do dólar no ponto de vista da receita, ela sofre impacto negativo sob o aspecto financeiro, já que boa parte de seu endividamento é denominado em moeda estrangeira.

Durante conferência com analistas realizada hoje, no entanto, o presidente do Friboi destacou a disciplina em exposições a derivativos da empresa e disse que isso proporciona à companhia atravessar turbulência financeira sem grandes problemas. "Não tivemos surpresas do ponto de vista financeiro e não foi por acaso. Trabalhamos para isso", disse.
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