A opinião é unânime entre aqueles que conviveram por quase 20 anos com o agrônomo, fundador e diretor da Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT), Dario Minoru Hiromoto, 46 anos. “Além da inteligência técnica, ele tinha a capacidade de ver o futuro”, afirmou o engenheiro agrônomo Vanderlei Dias Guerra, fiscal do Ministério da Agricultura e amigo do pesquisador.
Dias classifica Dario como um visionário ao se recordar das descobertas que o doutor em melhoramento genético de plantas fez em relação à ferrugem da soja. “Apenas três anos depois do descobrimento da praga, ele veio com a resposta para os produtores”, lembra-se.
O fiscal destaca também a importância do trabalho de Dario para outros estados brasileiros. “MS, GO, TO e BA são o que são porque seguiram o exemplo de MT, o exemplo da forma idealista dele liderar e as ideias inovadoras à frente, muitos anos, de outros técnicos e até de empresários. 90% dos empresários do agronegócio são o que são, tem essa pujança toda, porque o Dario foi responsável por dar de mão beijada a tecnologia que propiciou o agronegócio, o perfil da soja chegar onde chegou”, pontua.
O assistente de pesquisa da Fundação MT, Márcio Cândido da Costa, há 12 anos na instituição, destaca o lado humano de Dario e o classifica como alguém extremamente preocupado com o bem estar dos funcionários. “Além de ser um líder humano, Dario era muito acessível a todos, muito humilde, conversava de igual para igual com todo mundo”, conta admirado.
José Carlos Feijó, também assistente de pesquisa da Fundação MT, que conviveu por 19 anos com o fundador da empresa, Dario não era só um melhorista quando chegou no Estado e foi contratado pela Embrapa, mas alguém preocupado em contribuir cada vez mais com o agronegócio. “Além de ser um excelente melhorista, ele tinha outra visão. Eu me pergunto o que seria da Fundação, o que seria do Mato Grosso, do Brasil, sem a visão do Dario? Mato Grosso deve muito ao Dario”, opina.
O ex-prefeito de Rondonópolis, Adilton Sachetti, também participou do velório do agrônomo na Associação dos Colaboradores da Fundação MT (AMI). Para Adilton, que era amigo de Dario, o especialista deixa um legado muito importante de trabalho e como pessoa. “Dario nos ensinou o que é perseverança, o que é dedicação, responsabilidade, o que é amizade, ele deixou um legado muito grande a todos. O vazio que ele deixa é grande demais, mas esse legado todo, de onde ele estiver, ele deve estar muito orgulhoso disso. Ninguém é insubstituível, mas como o Dario não vai ter outra pessoa”, externou Sachetti.
José Tadashi Yorimori, um dos mais conceituados fitopatologistas do Brasil, especialista em doenças da soja, acompanhou de perto o trabalho de Dario, desde o princípio. Como colega de Dario na Embrapa, ele lembra que, já em 1990, o diretor “tinha enorme capacidade de articulação e desenvolveu um trabalho incrível na instituição”. O especialista conta ainda que toda o trabalho que Dario criou na Fundação MT, ele também construiu na Embrapa.
“Ele tinha um ótimo relacionamento com as multinacionais, começou a lançar as novas variedades e montou um esquema para que os produtores não vissem a produção das variedades apenas como um trabalho eventual. Ele conseguiu montar toda uma estrutura para que a produção fosse de qualidade e para que os produtores não ficassem à mercê das multinacionais”.
O fitopatologista espera que a história de vida de Dario sirva de inspiração para outras pessoas. “Não vai ser fácil continuar o trabalho só porque ele já construiu. Tem que haver pessoas com a visão dele, com a agudeza de percepção dele”, enfatiza.
O corpo de Dario Hiromoto será velado até as 16h e as 17h acontece o enterro no cemitério da Vila Aurora, em Rondonópolis.
