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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Múcio nega que deputados do PTB tenham participado do mensalão

O ex-ministro das Relacões Institucionais e atual ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), José Múcio Monteiro, negou em depoimento nesta segunda-feira (26) que deputados do PTB tenham recebido dinheiro em troca de apoio político ao governo, no chamado escândalo do mensalão. Na época em que o esquema teria ocorrido, Múcio exercia a função de líder do PTB na Câmara.


Questionado se foi discutida alguma compensação financeira para o PTB em troca de apoio ao governo no Congresso, em um encontro ocorrido em 2003, o ministro negou. “Em hipótese nenhuma. Nós votávamos absolutamente favorável ao governo. Governo e PTB tinham uma indiscutível parceria”, justificou.

Ele prestou depoimento nesta manhã, à juíza Pollyana Kelly Martins Alves, da 12ª Vara Federal do Distrito Federal, na condição de testemunha de defesa de cinco réus na ação penal do mensalão: o presidente do PTB, Roberto Jefferson; o empresário Marcos Valério, apontado como operador do mensalão; José Janene, ex-líder do PP; Pedro Henry, também ex-líder do PP; e Emerson Palmieri, ex-1º secretário do PTB.

Perguntado pela juíza se ele tem conhecimento do mensalão, esquema no qual parlamentares supostamente recebiam dinheiro em troca de apoio a projetos do governo no Congresso, Múcio foi categórico ao afirmar que todo o país conheceu o mensalão.

“O Brasil todo tem [conhecimento]. Foi um episódio que maculou o conceito do Legislativo. Foi um ano negro para a democracia. Eu era líder do PTB, o partido de onde partiu a denúncia”, disse.

José Múcio, porém, confirmou que se reuniu em 2003 com lideranças do PT para discutir uma parceria entre os partidos, na qual os petistas teriam se comprometido a ajudar o PTB com recursos para a eleição municipal do ano seguinte.

“Foi um almoço na sede do PT, onde alguém perguntou ‘quanto vocês acham que precisam para bancar a eleição [municipal]’. A orientação do partido era de que quanto mais aliados estivéssemos ao PT, melhor estaríamos. [O PT] trabalharia para que o acordo fosse mantido. A ideia era que fizéssemos uma parceria para a próxima eleição. Precisávamos de parceria, precisávamos de dinheiro para que a campanha fosse tocada”, contou Múcio.

O ministro também admitiu ter apresentado o então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, também réu no processo do mensalão, para Roberto Jefferson. “Logo que assumi a liderança do partido fui procurado pelo Delúbio [ex-tesoureiro do PT] para apresentá-lo ao Roberto [Jefferson]. Fui eu que apresentei”, disse.

Quando falou sobre o então 1º secretário do PTB, ele classificou Emerson Palmieri como uma pessoa “do bem”. “Ele era uma espécie de cultura do PTB. Era um gerentão, quem cuidava da formação de alianças”.

O ministro, no entanto, disse acreditar que Palmieri não tinha envolvimento com a área financeira do partido. “Acredito que não. Esse não era o papel dele. Sempre não se teve dinheiro [no partido]. Quem tivesse essa função era um sem função”, completou.

Na semana passada, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ex-ministro da Fazenda, deputado Antonio Palocci (PT-SP), haviam prestado depoimento no caso mensalão, também como testemunhas de defesa.

Cotada como possível candidata do PT à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma negou que tinha conhecimento da existência do mensalão antes de o esquema ser denunciado pela imprensa. Segundo ela, o esquema nunca existiu. Dilma também disse achar o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu um “injustiçado”.

Já Antonio Palocci afirmou que tomou conhecimento sobre o mensalão pela imprensa. “Tive conhecimento dos fatos divulgados em jornais da época e televisão. Não tenho conhecimento além do que foi publicado”, afirmou na última quarta (21).
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