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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Para Lavareda, até eleitores que apoiam o governo podem querer mudanças

O sociólogo Antônio Lavareda já assessorou candidatos em mais de 75 eleições majoritárias (prefeito, governador e presidente) e tenta descrever o quadro político que se avizinha no próximo ano. Para ele, o candidato do PT tem a vantagem de ser a representante de um governo bem avaliado cujo presidente está com uma popularidade em níveis elevados. Mas as pesquisas de opinião apontam que mais de 40% dos eleitores que apoiam o governo desejam mudanças.


Para descrever a situação atual, Lavareda recorre a metáforas, com alusões ao presidente da República em final de mandato. “O pai amado de uma grande família foi para o céu. Trata-se agora de escolher quem o substituirá na chefia. As opções são restritas e nenhuma delas têm o carisma, a força afetiva do patriarca que se foi", disse o sociólogo, na sessão especial que abriu os debates do 33º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa (Anpocs), que se realiza em Caxambu (MG).

Lavareda acredita que a potencial candidata do governo em 2010, a ministra Dilma Rousseff, pode ser apresentada como “co-autora” e fiadora da continuidade do governo bem avaliado. Mas, ressalta ele, “transferir afetividade não será tarefa fácil”.

Nesse sentido, afirmou ele, a oposição pode se beneficiar de um eventual desgaste e “estafa” de final de longo ciclo político, como costuma ocorrer, por exemplo, nos Estados Unidos, onde há reeleição e é raro o partido ficar no poder após o segundo mandato. O único caso da história recente foi a eleição, em 1990, do republicano George Bush após oito anos de Ronald Regan.

Dado de pesquisa apresentada por Lavareda aponta, a um ano das eleições, uma vantagem do governador José Serra (PSDB-SP) sobre a ministra Dilma Rousseff, em 19 pontos (40% das 21%). Após Serra, vem o deputado Ciro Gomes (PSB-SP), com 17%, e a senadora Marina Silva (PV-AC), com 8% das preferências declaradas.

Segundo o especialista em campanha eleitorais, os posicionamentos de Serra e de Ciro vão além do recall (da lembrança dos nomes em função de outros pleitos), mas são influenciados pela avaliação que tiveram em cargos que ocuparam.

Lavareda observa que Marina Silva (PV-AC) é mais conhecida entre estratos que acompanham de perto o noticiário político, porém joga contra a candidata o baixo tempo que terá no horário eleitoral. Para ele, mensagens pelo celular e pela internet deverão ser usados por Marina Silva para compensar a “quase ausência” no rádio e na TV.

A mistura de fatores, como o posicionamento perante o atual governo, o recall e a avaliação do candidato, o horário eleitoral e o uso de novas mídias, além das alianças políticas (“fracionadas”) e composição do eleitorado (voto feminino e da 'nova classe média'), é o que determinará o resultado do pleito de 2010.

Conforme Lavareda, o eleitorado brasileiro se equilibra no centro ideológico do espectro político, que deve ser tomado como “multidimensional”. "Em termos de valores sociais (uso de drogas, por exemplo), há uma tendência mais conservadora, à direita. Na economia (intervenção estatal, por exemplo), mais à esquerda", explica.
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