O presidente de fato de Honduras, Roberto Micheletti, afirmou hoje que o status do líder deposto, Manuel Zelaya, na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa não muda com o acordo alcançado para que o Parlamento resolva sua restituição ao poder.

"O status do senhor Zelaya continua sendo o de um visitante na casa do Brasil e isso logicamente (se manterá) até que a decisão do Congresso seja tomada", disse o governante de fato à rádio "HRN".

"Acho que temos que cumprir com nossas obrigações de manter a segurança fora da sede diplomática", disse, em referência ao forte contingente militar e policial que isola a região, de onde Zelaya denunciou o ataque de diferentes maneiras das forças de segurança.

Zelaya, sua esposa, Xiomara Castro, e mais 40 pessoas, entre colaboradores e jornalistas, permanecem refugiados na delegação desde o dia 21 de setembro.

O acordo assinado pelas delegações de Micheletti e Zelaya estabelece que o Congresso deverá consultar a Corte Suprema de Justiça (CSJ) e outros órgãos do Estado antes de resolver se o governante deposto volte ao poder.

Micheletti disse que está "muito contente com o resultado". "O final vai ser protagonizado pelo Congresso Nacional, a CSJ e os outros organismos do Estado", ressaltando que "Honduras ganhou".

Sobre as perspectivas no Parlamento, que ele presidiu até o dia 28 de junho, quando esse órgão o designou para substituir Zelaya, Micheletti disse esperar que os deputados atuem com independência e que não se deixem pressionar.

Micheletti pediu a seus ex-companheiros do Congresso que "a decisão que tomem seja a legal, que não se permitam nenhuma influência de nenhuma natureza, de ninguém, para que eles tomem a decisão emoldurada dentro da Constituição".

"Os deputados são independentes (...) Tenho a total segurança de que vão tomar uma decisão sábia para o bem e a tranquilidade do país", disse.

"A colocação de que o Congresso é que deve decidir a situação do senhor Zelaya foi proposta por eles na semana passada", lembrou Micheletti.

"Neste país não deve se falar nunca mais de passar a borracha e abrir uma nova conta. Os delitos cometidos devem ser pagos e são, logicamente, os tribunais de justiça que devem tomar essas decisões", disse.