A chuva deu uma trégua nesta segunda-feira na Grande Vitória, no Espírito Santo, e a população aproveitou para limpar as casas, abrir o comércio e contabilizar os prejuízos. Balanço divulgado pela Defesa Civil Estadual aponta que as chuvas, que caíram desde a última terça-feira, afetaram cerca de 683 mil pessoas em todo o Estado. Segundo o levantamento, 2.536 pessoas estão desabrigadas e mais de 4 mil estão desalojadas. Três pessoas morreram e três ficaram feridas no Estado. De acordo com o balanço, mais de 112,3 mil edificações foram danificadas.

Muitas ruas e avenidas continuam inundadas em Vila Velha. No bairro Cobilândia, uma das áreas mais atingidas pelas águas, é impossível distinguir o valão da rua. Para sair de casa, os moradores precisam enfrentar a água suja.

"Isso é terrível. Todos os anos é a mesma coisa. Sou empregada doméstica e preciso trabalhar. Não tenho outra opção. Tenho que enfrentar a água suja e depois rezar para não pegar uma doença", disse Euci Martins Alves, moradora de Vila Velha.

Segundo a Defesa Civil, a situação é mais crítica nos municípios do norte capixaba e na Grande Vitória. Os municípios de Vila Velha, Viana, Rio Bananal, João Neiva, Ibiraçu, São Domingos do Norte e Santa Leopoldina já decretaram situação de emergência.

O corretor de imóveis José Pereira Rodrigues, que mora em Vila Velha há mais de 40 anos, disse que já perdeu as contas de quantas vezes enfrentou problemas por causa da chuva. "Nem me lembro mais de quantas vezes fui prejudicado por conta da chuva. Tem gente aqui que todos os anos perde tudo que consegue comprar. É uma tristeza", disse o morador.

Resgate
Muitas pessoas ainda estão ilhadas e esperam o resgate do Exército, que disponibilizou 40 homens e três caminhões para ajudar a população.

"Até agora já resgatamos quase 200 pessoas. Estamos percorrendo vários bairros e retirando famílias inteiras de locais que continuam alagados e representam risco para essas pessoas", disse o capitão do 38º Batalhão da Infantaria, Diogo Bollorini.

Nesta segunda-feira, o Exército, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e parte do secretariado de Vila Velha participaram de uma reunião em que foram traçadas três medidas emergencias para o município - acompanhar minuto a minuto a evolução do Rio Jucu, monitorar as regiões mais atingidas pela chuva e retirar os moradores que estão em áreas consideradas de risco.

"Vamos contar com a ajuda da polícia e da Justiça para retirar essas pessoas das casas que correm risco de deslizamento de terra ou de desabamento ou que já foram condenadas pela Defesa Civil. O objetivo é preservar a vida dessas famílias. Vamos fazer isso nem que tenhamos que usar de força", disse o secretário de Defesa Social de Vila Velha, Ledir Porto.

Cerca de 350 pessoas já estão em uma escola municipal que está servindo de abrigo. Um ginásio foi transformado em posto de coleta de doações. Roupas, artigos de cama e alimentos não param de chegar.