O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, anunciou nesta quinta-feira que não pretende se candidatar à reeleição na votação em janeiro. Ele disse que o impasse nas negociações de paz com Israel levou à sua decisão.

Ele acusou os Estados Unidos de recuar em sua política para o Oriente Médio e, ao se recusar a pressionar Israel a congelar construções em assentamentos na Cisjordânia antes da retomada das negociações.

A mudança no posicionamento americano foi tornada pública na semana passada durante visita da secretária de Estado, Hillary Clinton, ao Israel, mas os EUA dizem que continuam defendendo o congelamento, só consideram que o tema deve ser discutido após a retomada das negociações, não imposto como pré-requisito para o diálogo.

Abbas fez o anúncio da desistência em um pronunciamento pela TV na noite desta quinta-feira (tarde, em Brasília), afirmando ter comunicado a seus 'irmãos' na liderança palestina o seu 'desejo de não concorrer nas próximas eleições.'

Membros do movimento laico Fatah, de Abbas, dizem que não têm um candidato preferido para substituí-lo.

Apesar do anúncio de Abbas de que sua decisão 'não é algo negociável', os ativistas dizem que Abbas poderia ser convencido a mudar de ideia. Dirigentes da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), ressaltaram seu apoio a Abbas como candidato, informou o secretário-geral do Comitê Executivo da organização, Iasser Abed Rabbo.

Abbas substituiu Iasser Arafat na Presidência palestina há cinco anos, mas perdeu as eleições parlamentares subsequentes para o grupo radical islâmico Hamas. Em meio a disputas de poder com o premiê indicado pelo Hamas, Ismail Haniye, o Hamas tomou o controle da faixa de Gaza, deixando-o sob controle efetivo do seu governo, reconhecido pelo Ocidente, apenas a Cisjordânia.

As negociações mediadas pelo Egito para reconciliar os dois principais grupos palestinos têm permanecido em impasse durante este ano, enquanto o diálogo com Israel está rompido.