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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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avaliação

Enade será neste domingo para mais de 1 milhão de estudantes

Apesar de já terem passado um dia por vários vestibulares, cerca de 1,1 milhão de universitários voltam a ser avaliados neste domingo (8). A vantagem é que, desta vez, não tem estresse nem concorrência por uma vaga, já que o Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes) serve para avaliar a qualidade dos cursos de graduação de todo o país.


Para isso, o MEC (Ministério da Educação) obriga todos os calouros e os formandos de faculdades particulares e federais a fazer a prova. O exame é aplicado anualmente e avalia um determinado grupo de cursos a cada três anos - neste ano, são 22 carreiras avaliadas.

Quem não fizer a prova não receberá o diploma de conclusão de curso até regularizar sua situação junto ao ministério. O Inep, órgão que aplica a prova, colocou na internet um link para consulta de local de prova.

Ao todo, 1.103.173 de estudantes farão a prova. Destes, 681.206 são ingressantes e 421.967, concluintes. A prova será aplicada em 997 municípios e também serão avaliados 108.903 alunos irregulares, que faltaram em alguma das edições antigas da prova.

A USP e a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) não vão participar da avaliação do Enade neste ano. Além de estarem livres da obrigação, as universidades estaduais afirmam ser contrárias ao método usado pelo governo.

A decisão da USP, tomada em agosto, afirma que a avaliação de qualidade dos cursos pode ser prejudicada “pela impossibilidade de distinguir entre um eventual desempenho satisfatórios no exame e um possível boicote intencional dos alunos”. Além disso, a universidade considera que os outros fatores devem ser considerados na avaliação.

Problema

Para o professor Romualdo Portela de Oliveira, da Faculdade de Educação da USP, o principal problema do Enade é tentar fazer, com uma prova, duas avaliações ao mesmo tempo: uma de qualidade das faculdades e outra de desempenho dos alunos.

Segundo Oliveira, falta um debate sobre a qualidade, pois muitas faculdades entram apenas para garantir o mínimo de pontuação exigido pelo MEC para não fecharem e não para garantir um aperfeiçoamento dos cursos.

– Se a discussão é controle do governo, de ter condições mínimas para o funcionamento das universidades, de criar elementos para o aperfeiçoamento das instituições, não pode ser só uma prova. Tem de ter mais coisas, uma pesquisa mais aprofundada nas universidades.

Isso não é aplicado, explica Oliveira, devido aos altos custos de uma pesquisa qualitativa. Mesmo assim, ele lembra que alguns países fazem outros tipos de avaliações para verificar a qualidade do ensino.

A Inglaterra, por exemplo, acompanha o índice de empregabilidade dos alunos assim que eles saem da faculdade. Assim, descobre se eles estão trabalhando na área ou migrando para outros cargos, o que poderia indicar falhas no sistema de ensino.

Não-participação

A Unicamp tomou a decisão de não aderir ao Enade em 2004, e deste então mantém a posição. Como é uma universidade estadual, ela tem liberdade para decidir se participa ou não do exame. Outras estaduais, como a Unesp (Universidade Estadual Paulista), participam do exame.

O Enade tem sido motivo de discussão permanente nos órgãos da universidade, mas a instituição está submetida ao Conselho Estadual de Educação, e não é obrigada a fazer o exame, diz uma nota oficial da Unicamp. No mesmo texto, a faculdade diz valorizar a proposta de avaliação:

- [A Unicamp] Foi uma das primeiras universidades a implantar um programa deste tipo já na década de 1990.

Sem protestos

Procurada pelo R7, a UNE (União Nacional dos Estudantes) afirma que não vai apoiar protestos contra o Enade porque obteve conquistas importantes após a campanha de boicote ao exame em 2008. Diz a entidade, em nota:

- Obtivemos importantes conquistas, dentre elas (...) a criação de um questionário estudantil, onde nós poderemos expressar nossa própria avaliação sobre as instituições de ensino, aumentando nosso protagonismo, e a ampliação da rigidez dos critérios da avaliação das instituições de ensino superior.
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