Um dos indícios citados pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa em seu voto no processo do valerioduto mineiro, pelo qual acolheu a denúncia contra o senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), são cartas e o depoimento de uma prima do tesoureiro da campanha do tucano em 1998, Cláudio Mourão.
Barbosa leu trechos da carta enviada ao Ministério Público e à CPI de Minas Gerais por Vera Lúcia Mourão de Carvalho Veloso, que disse ter trabalhado nas campanhas de Azeredo de 1994 e 1998. Ela afirma que Azeredo participava pessoalmente das decisões sobre o fluxo financeiro da campanha.
"Posso afirmar com certeza que o sr. Clésio [Andrade, candidato a vice-governador], o governador Eduardo Azeredo, o [então] vice-governador Walfrido dos Mares Guia, Cláudio Mourão, [o publicitário] Marcos Valério, sua secretária e eu fazíamos semanalmente reuniões para tratar de assuntos referentes a entrada e saída de verbas, doações de empresários e doações que entravam como empréstimos que seriam pagos após a eleição", escreveu Vera Lúcia, que repetiu a informação ao depor na PF em 2006.
Em entrevista à Folha, divulgada ontem, Azeredo afirmou que nunca se reuniu com Vera.
A estratégia de defesa de Azeredo tem sido atribuir a Mourão toda a responsabilidade pela parte financeira do comitê. O defensor do tucano, José Gerardo Grossi, disse, no plenário do STF que seu cliente foi traído por Mourão: "Lamentavelmente, faltou-lhe com a lealdade".
Em seu relatório, o ministro Barbosa citou outros seis indícios do envolvimento de Azeredo com o valerioduto, como "a presença constante" de Valério no comitê eleitoral.
O julgamento no STF foi paralisado, na última quinta-feira, após o pedido de vista dos autos formulado pelo ministro José Antonio Dias Toffoli.