Ativistas anticapitalistas pretendem realizar manifestações durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC) neste mês em Genebra, mas dessa vez prometeram protestos pacíficos e não uma repetição dos distúrbios ocorridos em Seattle há dez anos.
Em entrevista coletiva na segunda-feira, os organizadores disseram que milhares de pessoas vão percorrer as ruas da cidade suíça no dia 28 de novembro, passando diante da sede da OMC, uma instituição que promove o livre comércio e que, segundo eles, contribui para as crises econômicas e sociais do planeta.
"Pretendemos mostrar que as políticas de liberalização buscadas pela OMC estão tendo um efeito devastador sobre as vidas das pessoas e sobre o clima", disse o ativista Alexandre de Charriere na entrevista. "Isso tem que parar, e uma nova forma de dirigir o mundo tem de ser encontrada".
De Charriere, ligado ao grupo antiglobalização Attac, e outros ativistas disseram que não haverá violência nem tentativas de impedir os funcionários governamentais de terem acesso às atividades da OMC, entre os dias 30 de novembro e 2 de dezembro, como aconteceu na reunião de Seattle em novembro de 1999.
"Não haverá uma repetição da ação de Seattle", disse Giangiorgio Gargantini, outro organizador do protesto de Genebra.
A ativista Maria Casares, da Marcha Mundial das Mulheres, disse que grupos mais radicais, responsáveis por distúrbios em outros eventos, já foram contatados. "Acho que eles entendem agora que isso é contraproducente", afirmou.
A polícia de Genebra disse que suas conversas com os organizadores foram "positivas" e que não há previsão de distúrbios.
A última grande manifestação em Genebra aconteceu em 2003, na cúpula do G8 em Evian, na França.
A reunião da OMC não deve discutir formalmente a retomada da Rodada Doha da liberalização comercial global, mas o assunto deve rondar as discussões.
Os manifestantes argumentam que esse eventual acordo beneficiaria apenas as grandes empresas e agravaria o desemprego no mundo, afetando especialmente os pequenos produtores rurais.
Valentina Hemmeler Maiga, da entidade camponesa internacional Uniterre, disse que alguns países em desenvolvimento - como Brasil, China e Índia - estão agindo contra os interesses dos seus próprios povos ao defenderem a conclusão da Rodada Doha.
"O resultado de um comércio agrícola mais livre seria dar rédea solta aos conglomerados, enquanto os produtores e consumidores irão sofrer."