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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Ferido em acidente do Rodoanel diz que manobra com carro salvou sua vida

Bem-disposto e com vontade de voltar a jogar futebol com os amigos da empresa onde trabalha. Assim o ferramenteiro Carlos Fernando Rangel, 38, resume seu sentimento, dois dias depois do acidente provocado pela queda de três vigas na obra do Rodoanel, sobre a rodovia Régis Bittencourt, em Embu (Grande São Paulo), ocorrido na noite da última sexta-feira (13).


Ao lado da mulher Patrícia e de Felipe, um dos dois filhos do casal, Rangel conversou com a Folha Online no hospital Alvorada, na zona sul de São Paulo, onde permanecia internado até a tarde deste domingo. Ele sofreu uma fratura no punho esquerdo e foi submetido à cirurgia na madrugada do sábado.

Segundo Rangel, tudo aconteceu em uma fração de segundo. "Estava na Régis a uns 80 km/h. Uma viga começou a rachar de cima pra baixo. Quando eu vi, já tinha despencado. Desviei pra direita e acho que foi isso que me salvou", disse.

"Jogo futebol todas as sextas com o pessoal da empresa. Naquela sexta, estava voltando da quadra pra casa. Passo ali todo dia", afirmou.

Ele disse também que o resgate chegou rápido, mas que ficou cerca de duas horas presos nas ferragens até ser retirado de dentro do veículo e ser colocado em uma maca. De lá, foi levado para o Hospital Geral de Itapecerica da Serra.

Rangel permaneceu consciente durante todo o tempo e afirmou ainda que não pensou em morte. "Quando começou a fumaça, inalei um pouco de pó, pensei 'agora não vai dar mais'. Mas já quis pegar o celular e ligar pra casa, mas não dava, estava preso", lembra.

Nascido em São Paulo, ele trabalha há cinco anos em uma metalúrgica no município de Embu. Em fevereiro de 2010, Rangel comemora 20 anos de casamento com Patrícia, ao lado dos dois filhos, Felipe, 19, e Fernanda, 14. Como corintiano, espera comemorar também o centenário do seu time de coração. Até lá, espera já estar pronto para voltar ao trabalho.

Perguntado se ficaria com medo de passar pelo mesmo local onde ocorreu o acidente, Rangel demonstra um misto de tranquilidade com apreensão. "É esquisito. Tem que ter muita confiança. Não sou de ficar com medo, mas tem que ver, né?", afirmou.

O filho Felipe diz que a família só teve a confirmação de que o pai era uma das pessoas envolvidas no acidente já próximo da meia-noite. "A gente estava vendo a reportagem na televisão, mas não tinha certeza. Certeza mesmo foi quando falou 'um homem de 38 anos'. Batia os horários de ele não ter chegado, aí foi só [o resgate] esperar ligar mesmo", contou.

A respeito de uma futura indenização, Rangel espera não ter muita dor de cabeça. "Espero que o governo resolva da melhor maneira. Um sobrinho meu já está cuidando de algumas coisas e já entramos em contato com um advogado".

O secretário Estadual de Transportes, Mauro Arce, afirmou neste sábado (14) que as três pessoas que ficaram feridas no desabamento de vigas do Rodoanel serão indenizadas rapidamente.

Além do ferramenteiro, outras duas pessoas ficaram feridas: a estudante Luana Augusto Coradi, 21, que já teve alta, e o motorista do caminhão Reginaldo Aparecido Pereira, 40, que continua internado em observação no Hospital Geral de Pirajussara, em Taboão da Serra.

Acidente

As vigas, que pesam 85 toneladas e têm 40 metros de comprimento, haviam sido instaladas no começo da semana. Por volta das 21h15 de sexta-feira (13), elas despencaram de uma altura aproximada de 20 metros e atingiram um caminhão e dois carros --um deles ficou totalmente destruído.

Com a queda das três vigas, dois carros e um caminhão que passavam pelo local foram atingidos. Três pessoas ficaram feridas.

As causas do acidente estão sendo investigadas. O laudo da perícia do IC (Instituto de Criminalística) deverá ficar pronto em 30 dias.
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