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Quinta-feira, 18 de julho de 2024

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Cúpula termina com promessa de acabar com a fome sem dinheiro extra

Os 193 países-membros da FAO (braço da ONU para alimentação) adotaram nesta segunda-feira, em Roma, uma declaração final na qual se comprometem a erradicar a fome. O documento foi tachado de insuficiente pelos latino-americanos, já que não prevê novos e necessários- fundos para combater a falta de alimentos.


"Nós nos comprometemos a fazer com que o número de pessoas que sofrem por causa da fome, da desnutrição e da insegurança alimentar pare imediatamente de aumentar e para que diminua consideravelmente", afirma o texto da declaração.

"Nós nos comprometemos a adotar medidas destinadas a erradicar de maneira definitiva a fome o mais cedo possível", acrescenta o documento, que reitera a necessidade de alcançar até o ano de 2015 as metas do primeiro Objetivo de Desenvolvimento do Milênio, de reduzir à metade o número de pessoas, cerca de 400 milhões, que passam fome.

"A nós preocupa que as pessoas castigadas pela fome e pela pobreza sejam agora mais de um bilhão. Esta situação é inaceitável", destaca a declaração --sem, porém, fixar a data concreta para erradicar a fome nem destinar fundos extras para consegui-lo.

A cúpula, convocada oficialmente "para dar novo impulso à luta contra a fome e a desnutrição", tinha como objetivo estabelecer uma nova estratégia para frear o aumento do número de pessoas que sofrem com a escassez de alimentos no mundo, que passou de 850 milhões em 2008 para 1,02 bilhão neste ano.

Lula

No total, 60 chefes de Estado e governo, entre eles os presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Chile, Michelle Bachelet, além do papa Bento 16, participaram do primeiro dia da cúpula, marcada pela ausência de líderes das maiores potências industrializadas. "É preciso vontade e determinação política" para combater a fome no mundo, disse Lula. "A experiência brasileira e a de outros países demonstra que a luta contra este problema exige antes de mais nada vontade e determinação política".

O brasileiro mencionou sua experiência pessoal como "parte dos milhões de brasileiros que deixaram a cidade natal para fugir da fome", assim como o sucesso dos programas aplicados durante os sete anos de seu governo para erradicar a fome e a pobreza. "Nossas iniciativas políticas permitiram que o Brasil retirasse 20,4 milhões de pessoas da pobreza e reduzir em 62% a desnutrição infantil, quebrando o ciclo de miséria e desesperança", disse.

Lula, que foi premiado à margem do evento pela organização não governamental ActionAid pelo sucesso de sua política de redução da fome, criticou a comunidade internacional por considerar o combate à fome um assunto "invisível". "Muitos parecem ter perdido a capacidade de sentir indignação por esse sofrimento", afirmou, definindo a fome como "a pior arma de destruição em massa do planeta".

"Ninguém ignora que produzimos o suficiente para alimentar com sobras toda a humanidade", exclamou o presidente do Brasil, para quem a fome é "a pior arma de destruição em massa do planeta".

Bachelet, por sua vez, disse que a fome só pode ser erradicada se a desigualdade social for combatida, ressaltando os bons resultados de programas de proteção social contra a exclusão na América Latina. "Será impossível resolver o problema da fome se não colocarmos, de uma vez por todas, o problema da desigualdade, no interior e entre os países, no centro do debate mundial", estimou Bachelet.

"Assim como o mundo foi capaz de gastar trilhões de dólares para evitar o colapso econômico, agora é preciso um esforço semelhante para evitar um colapso social", disse a presidente chilena. O mesmo pedido havia sido feito poucos minutos antes por Lula em seu discurso na plenária da FAO.

"O compromisso assinado é insuficiente, porque não foram obtidos fundos novos. Há uma vontade geral, mas percebemos uma espécie de mesquinharia por parte dos países ricos", disse à agência de notícias France Presse o delegado da Colômbia na cúpula, Francisco Coy.

O "egoísmo" e a "especulação" em relação aos alimentos, considerados "mera mercadoria", foram denunciados pelo papa Bento 16, que participou de um evento na sede da FAO pela primeira vez.
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