O ex-senador e ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra, favorito ao comando nacional do PT, afirmou em entrevista ao jornal O Globo que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não desistiu de unificar os aliados em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à presidência da República em 2010. Entretanto, Dutra reconhece que a divisão de palanques seja irreversível em alguns Estados.
Segundo parcial divulgada pelo site do PT na manhã desta terça-feira, Dutra lidera as eleições internas para a presidência do partido com 55,4% dos votos, com 59,38% das urnas apuradas. Mesmo evitando cantar vitória, Dutra analisou sua possível eleição, já no primeiro turno, como evidência de que a disputa interna no PT não dificultará a construção de palanques fortes para Dilma.
Questionado sobre declaração de Lula de que será difícil para Dilma trabalhar com dois palanques nos Estados, mas que em alguns casos isso será inevitável, Dutra afirmou que o presidente da República "não jogou a toalha" em relação à unificação das alianças. "Ele constatou uma realidade. Sabemos que em alguns Estados não tem jeito. No Rio Grande do Sul, em Pernambuco e em Mato Grosso do Sul, o PT não deve compor com o PMDB e outros aliados. No Rio de Janeiro, por exemplo, ainda trabalha para unificar. Se não for possível, paciência."
Nas eleições ao governo do Rio de Janeiro, segundo Dutra, o caminho natural é o PT apoiar a reeleição de Sérgio Cabral (PMDB). Para o provável novo presidente nacional do PT, a candidatura própria do partido não depende apenas da vontade do prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT). "O PT faz parte do governo e ajudou a eleger o governador. Isso não depende só da vontade do Lindberg, depende da militância. E vai ter segundo turno para o diretório estadual. Portanto, temos aí pela frente um longo processo de debates. Em se tratando de política, dois dias é uma eternidade."
De acordo com Dutra, em Minas Gerais, a tendência do PT é afunilar as candidaturas do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias. "Depois temos que conversar com o PMDB para ver uma possível composição", afirmou, minimizando a possibilidade de o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), formar uma aliança com o governador Aécio Neves (PSDB).
