O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega na noite desta quinta-feira a Lima para firmar acordos com seu colega peruano, Alan García, visando a reforçar a aliança estratégica e o comércio bilateral.

"Estamos vivendo o melhor momento da relação entre Peru e Brasil", disse o embaixador brasileiro em Lima, Jorge d'Escragnolle Taunay.

Lula será recebido pelo chanceler José García Belaunde no aeroporto militar de Lima, antes de cumprir uma intensa agenda nas 24 horas que permanecerá no Peru.

García e Lula participarão na sexta-feira da inauguração de um colégio, antes de uma reunião a portas fechadas com a presença dos chanceleres dos dois países.

"A agenda da reunião entre os dois presidentes será livre e poderão conversar sobre todos os temas, porque existe uma grande empatia" entre os dois líderes, destacou o embaixador Jorge d'Escragnolle Taunay.

Os temas passam por comércio, turismo e energia, incluindo o projeto de construção da central hidrelétrica de Inambari, no sudeste do Peru, na fronteira com o estado do Acre, revelou o diplomata brasileiro.

García disse hoje que o tema da energia será abordado e que o Peru busca "uma aliança energética hidrelétrica para beneficiar os dois países".

A compra de aviões militares Super Tucano, fabricados pela Embraer, que Lima anunciou na quarta-feira, será analisada entre os ministros da Defesa dos dois países.

"A questão dos Tucanos é um tema para os ministros da Defesa" durante a visita de Lula, disse Garcia.

Segundo o governo peruano, os aviões vão operar na zona de selva do vale dos rios Apurímac e Ene, no sudeste do país, onde agem remanescentes da guerrilha maoísta do Sendero Luminoso e grupos de traficantes de drogas.

Durante a visita serão firmados acordos de cooperação e de integração visando a promover o comércio e o turismo, além de tratatos de conexão física e transporte fluvial na Amazônia.

A criação de uma zona de integração na fronteira amazônica, entre os estados brasileiros do Acre e Rondônia e as regiões peruanas de Madre de Dios, Puno e Cusco, com a facilitação do trânsito de pessoas, mercadorias e serviços, também fará parte das conversações", segundo o embaixador peruano no Brasil, Hugo de Zela.

Lula e García revisarão ainda os progressos do acordo de Associação Estratégica (2008), que prevê a integração comercial e física entre o Atlântico brasileiro ao Pacífico peruano.

Um dos objetivos desta integração, por meio das estradas Interoceânica Norte e Interoceânica Sul, é abrir os portos peruanos às exportações do Brasil para a Ásia, e facilitar o acesso peruano à América do Sul.

O comércio bilateral somou 3,255 bilhões de dólares em 2008, com saldo de 2,3 bilhões favorável ao Brasil.

Também está previsto um acordo entre a zona franca de Manaus e a autoridade do porto peruano de Paita, para levar ao Peru empresas de componentes de televisão digital.