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Domingo, 19 de maio de 2024

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Renault quer 5% do mercado brasileiro em 2010

Há um ano, o presidente da Renault do Brasil e Mercosul, Jean-Michel Jalinier, decidiu desacelerar a produção diante da crise que afetou o setor em novembro de 2008, para não correr o risco de ter carro sobrando no mercado. Assim como outros executivos à frente de montadoras no Brasil, Jalinier enganou-se. A rápida resposta dos consumidores ao desconto do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) fez com que as vendas de carros disparassem e, por não ter produto suficiente para atender tal procura, a Renault perdeu a quinta colocação em vendas para a Honda. Em entrevista ao G1, o executivo afirmou que os ajustes na produção foram feitos ainda no primeiro trimestre e que a meta é recuperar em 2010 a posição perdida neste ano e atingir 5% de participação de mercado.


A entrevista com Jean-Michel Jalinier é a terceira da série especial do G1, com presidentes de montadoras no Brasil. Assista a trecho da entrevista no vídeo ao lado.

A fórmula para conquistar o espaço não se limitará apenas ao reajuste da produção. A empresa anunciou o investimento de R$ 1 bilhão para os próximos três anos e o lançamento de seis novos produtos, entre eles um SUV baseado no romeno Dacia Duster. O carro deverá chegar às lojas em 2011.

O desafio é trazer ao Brasil o conceito que a marca possui no mercado europeu. “Na Europa, o Gordini é uma versão esportiva, com apelo de rali. E no Brasil há outra conotação, porque é ligado ao Dauphine”, afirmou. “Sem dúvida, é um nome que me interessa, mas vamos refletir sobre a maneira que deveremos utilizá-lo”, ressaltou.

Entre os assuntos polêmicos que mais envolvem o setor, o aquecimento global — debatido de 7 a 18 de dezembro na Conferência da ONU some Mudanças Climáticas (COP 15) —, o presidente da Renault defende o desenvolvimento de carros elétricos, com zero emissão de gases poluentes, mas argumenta que apenas 15% dos gases causadores do efeito estufa são gerados pelos carros. “A Renault globalmente pensa que tem um papel importante a trabalhar nesse combate do aquecimento global e se engaja para ser o fabricante mais ativo nesse domínio”, argumentou.

G1 — Sobre os números da Renault, 2009 foi um importante ano de vendas, mas a empresa perdeu a quinta posição para a Honda em participação de mercado. Como a Renault enxerga a sexta colocação?
Jean-Michel Jalinier — Nós perdemos uma colocação no mercado porque o ano de 2009 foi difícil para nós, por ser muito contrastante. No começo do ano, faltaram veículos no mercado, porque paramos a nossa fábrica por causa da crise que chegou ao final de 2008. Ao mesmo tempo, o governo decidiu reduzir o IPI. Essa medida foi extremamente importante e teve efeitos muito rápidos sobre o mercado, superior ao que prevíamos. No início, nós precisamos suspender 1 mil funcionários e, por isso, durante os primeiros três meses faltou produto.Mas na segunda parte do ano, tudo voltou ao normal e tivemos forte crescimento. Então, por causa do início do ano perdemos participação de mercado.

G1 — Vocês pretendem passar a Honda em 2010?
Jean-Michel Jalinier — Isso.

G1 — Qual é a ambição da Renault para 2010, considerando participação de mercado, produção e vendas?
Jean-Michel Jalinier — Em 2010 nós queremos continuar nosso crescimento e vamos nos apoiar numa gama de produtos jovem para crescer. Nosso objetivo é atingir 5% de participação de mercado em 2010 (a participação atual é de 3,9% ao considerar automóveis e comerciais leves). É uma expansão importante em relação à metade deste ano e um crescimento razoável ao considerar a tendência de expansão que nos encontramos ao final do ano. Se o mercado no ano que vem for de 3 milhões de unidades (automóveis e comerciais leves), 5% representará 150 mil veículos a ser vendidos e fabricados nas nossas fábricas.

G1 — Qual a previsão geral para o mercado brasileiro de veículos no próximo ano?
Jean-Michel Jalinier — É um momento ainda um pouco conturbado, então é difícil fazer previsões. Hoje existe a previsão otimista de venda de 3,4 milhões de veículos. Pessoalmente, acredito que seja uma visão muito otimista. Eu acredito que teremos um mercado de 3 milhões de veículos, como neste ano.Será um ano de eleições, então é preciso ver as medidas que serão tomadas e como o mercado sentirá. Mas também eu me preparo para lidar com qualquer reação do mercado, seja para a minha previsão, seja para as previsões mais otimistas, assim eu espero.

G1 — Vocês pretendem fazer novas contratações no próximo ano?
Jean-Michel Jalinier — No momento, não necessitamos aumentar os investimentos na capacidade de produção, porque hoje nas nossas fábricas não utilizamos toda a capacidade, mas é claro que toda a produção de veículos suplementar vai necessitar a contratação de novos funcionários. Acredito que 2010 deverá ser um ano de contratações para a Renault.

G1 — Quantos lançamentos a marca prepara para o ano que vem? Quais serão esses modelos?
Jean-Michel Jalinier — Vamos continuar a renovar nossa gama, com o lançamento de seis novos produtos no ano de 2010. Será um ano em que devemos nos apoiar nesses novos produtos. Claro que teremos produtos para segmentos que ainda não atuamos como, por exemplo, o novo SUV que virá em 2011 e completará a gama Renault.

G1 — Ele vai concorrer com o Ford EcoSport, um grande sucesso no mercado brasileiro?
Jean-Michel Jalinier — Será um produto com grande sucesso no Brasil e fará frente aos seus concorrentes.

 G1 — Ele será muito diferente em relação ao romeno Dacia Duster , modelo que será vendido na Europa?
Jean-Michel Jalinier — O veículo tem a plataforma da Romênia, mas vamos apoiar nossas forças nos centros de engenharia e de design que existem aqui no Brasil para, a partir daí, fazer um veículo brasileiro, perfeitamente adaptado à forma do mercado brasileiro e, sobretudo, ao gosto do cliente brasileiro.

G1 — O senhor pensa em importar carros europeus para investir no mercado de luxo?
Jean-Michel Jalinier — Não, hoje não temos projeto de importação de veículos europeus, porque o custo para trazer um veículo da Europa é muito alto, com 35% de alíquota de importação sobre o preço do veículo. Isso não nos permite importar e sermos competitivos. Então, nossa vontade é ser um fabricante de veículos brasileiro, fabricando os produtos que vendemos no país. Temos uma fábrica também na Argentina, da qual importamos cerca de 30 mil veículos, mas também exportamos para a Argentina 30 mil unidades.

G1 — Há a possibilidade de trazer a gama Gordini ou até mesmo criar no Brasil séries especiais com a grife?
Jean-Michel Jalinier — Claro, a possibilidade existe. Mas o nome Gordini não tem o mesmo significado na Europa e no Brasil. Na Europa, o Gordini é uma versão esportiva, com apelo de rali. E no Brasil há outra conotação, porque é ligado ao Dauphine, que decidiu apelidar o Dauphine com o nome Gordini. Então temos o mesmo nome, que não significa a mesma coisa na Europa e no Brasil. Sem dúvida, é um nome que me interessa, mas vamos refletir sobre a maneira que deveremos utilizá-lo.

G1 — Sobre o movimento mundial contra o aquecimento global, qual é o ponto de vista da Renault em relação ao papel das montadoras neste combate?
Jean-Michel Jalinier — O papel dos fabricantes é essencial. Primeiramente, é preciso colocar as coisas no seu lugar. O automóvel contribui para o aquecimento global, mas ele representa apenas cerca de 15% das emissões de gases causadores do efeito estufa. Deste modo, 15% é um número importante e é preciso que trabalhemos, mas o automóvel não é o único responsável. A Renault globalmente pensa que tem um papel importante a trabalhar nesse combate ao aquecimento global e se engaja para ser o fabricante mais ativo nesse domínio. Assim, a Renault decidiu investir em uma gama de veículos elétricos, que será comercializada na Europa, com dois automóveis que serão lançados em 2011 e outros dois em 2012. É um investimento extremamente importante, são veículos verdadeiramente com emissão zero. Será a melhor resposta à redução de gases que causam o efeito estufa.

G1 — O que representa a operação no Brasil em relação às vendas da Renault mundialmente?
Em 2008, o país entrou na lista dos 10 mercados mais importantes para a Renault, mas com o volume que atingimos neste ano nós estamos no 5º lugar. É um país extremamente importante, a prova disso é o anúncio de investimento de R$ 1 bilhão que acabamos de fazer.
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