Olhar Direto

Quarta-feira, 01 de maio de 2024

Notícias | Política BR

Improviso e saias-justas são rotina no "palácio" provisório no CCBB

Nove meses depois de virar a sede do governo brasileiro, o prédio do CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) em Brasília ainda desafia a equipe do presidente Lula com um sem-número de inconveniências.


A coleção de anedotas decorrentes da mudança do Palácio do Planalto para o CCBB já está incorporada ao dia a dia da Presidência, dos funcionários do governo, dos servidores do Banco do Brasil --que nada têm a ver com o hóspede ilustre--, dos jornalistas que cobrem a rotina de Lula e do público que usa cinemas, teatro, livraria e restaurante do centro cultural.

Recentemente, uma peça de teatro em cartaz por pouco não constrangeu o presidente, não fosse a improvisada ação dos seguranças para esconder com um pano de chão um letreiro pelo qual Lula passou que dizia "Cabaré das Donzelas Inocentes", em vermelho piscante.

O gabinete presidencial fica no segundo andar na extrema esquerda do prédio e, para chegar ao teatro -onde eventualmente ocorrem solenidades-, na extrema direita da construção, no térreo, é preciso atravessar a área pública.

Nessas caminhadas de um lado para outro, Lula e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), que também despacha no CCBB, já enfrentaram protestos de servidores e pedidos de autógrafo, tudo muito mais próximo do que no Planalto, onde a segurança era rígida.

Na via de acesso do carro presidencial também pipocam manifestações, como uma greve de fome pela libertação do terrorista italiano Cesare Battisti, que durou quase uma semana.

Não fosse o CCBB afastado 4 km da praça dos Três Poderes e de difícil acesso, a rotina de trabalho seria ainda pior. No começo do mês, por exemplo, cerca de 200 pessoas cercaram o prédio para ver os jogadores do Flamengo em visita a Lula.

Como o centro cultural é área pública, a equipe presidencial não pode exercer controle rígido. Não há entrada secreta ou subterrânea. O único acesso reservado é o do presidente: para não ficar tão exposto, foi improvisada uma cerca viva. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), usou por poucos dias uma entrada restrita atrás do prédio, até ser descoberto, o que acabou com as visitas secretas a Lula.

Os demais senadores, ministros e deputados não tiveram a mesma sorte. Além de não terem como circular sem ser vistos, as entrevistas ocorrem a céu aberto, faça sol ou chuva, pois não há local adequado.

Aos jornalistas, resta aguardarem encostados em uma cerca que separa a rua da porta de entrada. Para garantir o mínimo de conforto, já que a sala de imprensa improvisada fica em outro prédio a 200 metros da entrada de Lula, alguns repórteres compraram cadeiras de praia, o que transformou o cenário praticamente em uma sede campestre da Presidência.

Os jornalistas reclamam, mas acham a sala de imprensa pior: ao lado de um terreno baldio, o local é atacado constantemente por abelhas, ratos e saruês (um gambá local).

Pelo cronograma das obras do Planalto, o incômodo geral está com os dias contados. Ainda um esqueleto no meio da praça dos Três Poderes, a reforma interna está em fase de conclusão, com salas e gabinetes praticamente prontos. O Exército, responsável pela obra, tem prazo até 28 de fevereiro para entregar o prédio pronto, com uma margem de mais 30 dias.

Pelo contrato, a data oficial de entrega é 30 de março. A reforma, que consumirá R$ 78,8 milhões, começou em maio.

O presidente prometeu entregar o prédio restaurado para a comemoração dos 50 anos de Brasília. O projeto foi feito pelo escritório de Oscar Niemeyer, e custou R$ 1,069 milhão.

Além de recuperar as características originais do palácio, inaugurado em 21 de abril de 1960, a reforma corrigirá problemas, como a carência de estacionamento e de saídas de emergência. O estacionamento aberto que existia na lateral do prédio foi destruído e será substituído por uma garagem subterrânea com 500 vagas.

O quarto andar, onde funcionam a Casa Civil, a Secretaria Geral e o Gabinete de Segurança Institucional, terá uma área livre voltada para a Praça dos Três Poderes, como previsto originalmente por Niemeyer.

Nesse saguão, ficará uma parede com azulejos do artista Athos Bulcão. Antes da reforma, o quarto andar era ocupado por salas separadas por divisórias, e a obra de Bulcão ficava escondida num jardim de inverno usado como fumódromo. Estão sendo colocados mais elevadores (eram 8 e serão 10) e a rede hidráulica foi substituída, por conta de vazamentos.

O ponto polêmico é a construção de um "puxadinho" para esconder uma escada de emergência que não existia. O caixote de concreto desfigurou a fachada traseira do palácio, mas foi aprovado pelo escritório de Niemeyer e pelo Iphan.
Entre no nosso canal do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui
 
xLuck.bet - Emoção é o nosso jogo!
Sitevip Internet