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Domingo, 28 de abril de 2024

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Conflito no Suriname levou a pelo menos 7 mortes, diz missionário

A violência entre quilombolas de Albina, no Suriname, e brasileiros e chineses que vivem no local foi maior do que divulgado inicialmente pelas autoridades, segundo o padre brasileiro José Vergílio, que foi à cidade neste sábado (26). O número total de mortos, segundo o missionário, ainda não está claro, mas pelo menos sete pessoas morreram.


Tudo começou em uma festa na noite do dia 24. Um brasileiro teria discutido e esfaqueado um "marrom", como são conhecidos os surinameses quilombolas, descendentes de escravos. O brasileiro está foragido. Após a briga, um grupo de surinameses atacou o local em retaliação.

Brasileiros foram agredidos com paus e facões, segundo os relatos. Vinte mulheres brasileiras ainda teriam sido vítimas de violência sexual.

Além de brasileiros, chineses, colombianos e peruanos que moram na vila que abrigava os estrangeiros, também foram atacados.

"Os números são contraditórios. O número não foi confirmado, mas já passa de sete mortos. A senhora que perdeu o bebê foi cortada, o bebê tirado da barriga e veio a falecer nesta tarde do dia 26. Encontramos um corpo na água e foi motivo de muito choque para todos", relatou o missionário.

Inicialmente, o embaixador tinha dito ao G1 que uma grávida havia morrido. Depois, corrigiu a informação e afirmou que tinha sobrevivido, mas perdido o bebê. Não há informações de que trata-se da mesma mulher citada pelo padre.

Segundo Vergílio, que é responsável pela mídia católica no Suriname e mora no país há oito anos, até este sábado (26) pessoas brancas que circulassem pelas ruas de Albina poderiam ser vítima de represálias da população negra local.

"A situação está sob controle militar nesse instante. A polícia local e o exército cercaram a área. Nenhuma pessoa branca pode permanecer na área e foram para capital ou para Guiana Francesa. Até índios nativos estão sendo confundidos com brasileiros", disse Vergílio.

As imagens divulgadas pela TV estatal do Suriname mostram o clima de tensão durante a noite (veja vídeo ao lado). Neste sábado, foi possível ver a destruição: um mercado foi depredado, carros e casas ficaram queimados.

Por telefone, uma brasileira conta que tudo começou na noite de Natal, depois de uma briga entre um brasileiro e um surinamês por causa de uma dívida. O morador local foi morto e uma multidão de surinameses começou a perseguir um grupo de cerca de 80 brasileiros que trabalha no garimpo da região.

“Eles 'armado' com revólver, com faca, com terçado, com pedra, com pau, com tudo que eles encontravam na frente. Nós 'ficou' tudo apavorado”, contou Liliane Rocha Sá, uma das vítimas do ataque. Ela contou que cerca de 300 surinameses colocaram fogo num posto de gasolina, em casas e no galpão onde os brasileiros estavam acampados.

Muita fumaça, ninguém enxergava mais ninguém e começou o desespero e não tinha saída, porque nós 'tava tudo lacrado nas grade', entendeu?”, disse a brasileira.

Pelo menos 24 brasileiros estão feridos e oficialmente até agora apenas uma morte foi registrada. Uma brasileira grávida foi esfaqueada e perdeu a criança. A mulher continua internada, segundo a embaixada.

O embaixador brasileiro no Suriname, José Luiz Machado e Costa se reuniu com autoridades surinamesas, mas ainda não há informações do resultado do encontro.

O Itamaraty ofereceu remédios e um avião da Força Aérea Brasileira para buscar os brasileiros que queiram voltar.

“Eles (os quilombolas) se consideram os donos daquela região, e quando eles viram a autoridade deles desafiada, resolveram então dar uma lição, mostrar quem manda, por isso que fizeram um ataque forte que seguramente saiu fora do controle."

Segundo a testemunha do ataque, os brasileiros continuam com medo. “Um inferno, um inferno mesmo. Foi uma noite de terror”, disse Liliane.
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