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Segunda-feira, 20 de maio de 2024

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Irã aumenta pressão sobre opositores após confrontos que mataram oito

As forças de segurança iranianas aumentaram a pressão nesta segunda-feira contra os manifestantes da oposição que, a mais de uma semana, ocupam as ruas das principais cidades do país em protesto contra o governo de Mahmoud Ahmadinejad.


A Guarda Revolucionária, a elite das forças armadas iranianas, e a milícia islâmica do Basij anunciaram nesta segunda-feira que estão "totalmente prontos" para intervir, um dia depois de ao menos oito opositores morrerem em violentos confrontos com as forças de segurança.

"A Guarda Revolucionária e o Basij estão totalmente prontos, se for necessário, a erradicar o complô [da oposição], e pedem à autoridade judiciária uma reação firme, sem restrições, contra os conspiradores", diz um comunicado divulgado no site da TV estatal.

A medida, afirma, é uma resposta a "uma demanda nacional".

A polícia iraniana usou gás lacrimogêneo nesta segunda-feira para dispersar os seguidores do líder da oposição, Mir Hossein Mousavi, que se aglomeravam para lhe dar as condolências à morte de seu sobrinho, Ali Mousavi, um dos oito mortos nos enfrentamentos entre as forças de segurança e a oposição.

O Conselho Superior de Segurança Nacional do Irã confirmou nesta segunda-feira que oito pessoas morreram durante os enfrentamentos da véspera. Não foram divulgadas as identidades das vítimas.

Foi a primeira vez que pessoas morreram nas ruas desde os violentos protestos ocorridos pouco depois da controversa eleição presidencial de junho passado, que mataram 70.

"Dezenas de policiais se feriram, entre eles o chefe de polícia de Teerã", disse o vice-chefe da polícia iraniana, Ahmadreza Radan, à TV estatal. "Uma pessoa caiu de uma ponte, outras duas morreram em acidentes de carro e uma foi atingida por um tiro, mas não da polícia".

Protestos se espalharam por várias partes do Irã, incluindo a cidade santa de Qom. Manifestações também ocorreram em Shiraz, Isfahan, Najafabad, Mashhad e Babol.

Nenhuma das informações foi confirmada por outros órgãos de imprensa, já que o governo iraniano proibiu a atuação da imprensa internacional em manifestações da oposição.

Prisões

Segundo diversos sites da oposição, as forças de segurança detiveram nesta segunda-feira dois colaboradores próximos do ex-presidente reformista Mohamad Khatami e três assessores do líder do movimento de oposição verde e ex-candidato presidencial, Mir Hossein Mousavi.

O site Jaras relata que agentes prenderam Morteza Haji, ex-ministro e diretor-geral da Fundação pró-reformista Baran em seu escritório, e seu adjunto Hassan Rasuli, em sua casa. Os dois são próximos a Khatami.

Além disso, foram detidos Ghorban Behzadian Nayad e Mohamad Bagherian, membros da plataforma eleitoral do ex-primeiro-ministro Mousavi, detalhou a televisão estatal por satélite PressTV.

O site Fararu informou sobre a prisão do ativista opositor Emad e-Din Baghi, vencedor de vários prêmios internacionais pela luta em favor das liberdades, enquanto o site opositor Parlemannews noticiou a detenção de Ali Reza Bahesti Shirazi, assessor de Mousavi.

Segundo a fonte, Baghi, historiador e jornalista conhecido por defender os direitos humanos e por ser o fundador do Comitê de defesa dos presos, foi detido em sua casa.

Horas antes, o site Jaras informou que a polícia iraniana prendeu na madrugada o ex-ministro iraniano de Relações Exteriores e relevante figura da oposição, Ibrahim Yazdi.

O ex-ministro, líder do Movimento Livre, foi um dos principais envolvidos na revolução que em 1979 tirou do poder o último xá da Pérsia, Mohamad Reza Pahlevi. Chefe da diplomacia iraniana no primeiro governo posterior à revolta, deixou o poder quando os clérigos começaram a apropriar-se dos principais cargos de responsabilidade política no país.

Durante as últimas eleições, Yazdi apoiou o movimento de oposição verde de Mousavi, e se mostrou propício a uma mudança no atual regime.

Distúrbios

Os confrontos dos últimos dias marcam a resistência dos opositores à reeleição de Ahmadinejad. O ultraconservador presidente foi reeleito em pleito do dia 12 de junho passado, com cerca de 63% dos votos contra 34% do principal candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi.

A votação foi seguida por semanas de fortes protestos da oposição por fraude. Os protestos, enfrentados com violência pela polícia e a milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, deixaram ao menos 20 mortos, dezenas de feridos e cerca de 2.000 presos.

A maioria deles já foram libertados, mas mais de 80 foram condenados à até 15 anos de prisão por participação nos protestos e na violência após o pleito, segundo o Judiciário. Cinco pessoas foram condenadas à morte.

A oposição chegou a denunciar abusos nos presídios contra os opositores, mas a acusação foi rejeitada por Teerã

O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o resultado das urnas.
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