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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Só vejo moscas, diz morador sobre turismo em Angra

A cidade de Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro, sofre com a falta de turistas após deslizamentos matarem pelo menos 52 pessoas no início do ano. Mesmo com infraestrutura completa, o município está com as praias vazias. "O movimento caiu em torno de 90%. Tirando as moscas que estão voando, não vejo mais ninguém", diz o garçom Gilbert Santana. "Primeira vez que vejo a cidade tão vazia. Era para estar lotado até o Carnaval. A maior parte das reservas foi cancelada. Está todo mundo pensando que isso aqui vai desabar, o que não é verdade", afirma Fabio Santos Ferreira.


Para os comerciantes, a fuga dos turistas de veraneio é uma conseqüência da imagem negativa causada durante a tragédia. "Foi um caso isolado e estamos pagando o preço. Temos 106 praias aqui. Aconteceu em uma, a 40 km daqui. Falou-se muito em Ilha Grande, mas não ficou claro que o deslizamento foi em uma única praia", diz Alex Sandre. "O local é maravilhoso, com mulheres bonitas e gente educada. Não era para estar desse jeito", diz o vendedor Nailton de Jesus.

A notícia do deslizamento em Angra dos Reis percorreu o mundo e chegou aos ouvidos de quem vem ao Brasil para gastar. "Alguns dias antes de embarcar, soubemos que a região estava fechada e que os barcos não estavam funcionando. Não tinha muita ideia do que estava acontecendo por aqui. Mas não vejo problemas. Parece tudo em ordem", afirma o advogado argentino Hernan Lopes. "Fiquei sabendo que havia caído uma pousada e esperei três dias para vir. Suponho que o turismo aqui esteja afetado. Por mais seguro que esteja, a verdade é que alguns turistas morreram", diz o também argentino Sergio Sarmanjo.

Além de espantar os turistas, o deslizamento na praia do Bananal prejudicou a economia da Ilha Grande. "O Rio de Janeiro, por si, é um lugar caro. Um dos lugares mais caros do mundo. Penso que o desastre tenha afetado muito a região. Confesso que tenho medo. Checo os lugares aonde vou ficar, antes. Essa é uma maneira de tentar minimizar os impactos da natureza", diz a sueca Eva Hermansson. "Há lugares bonitos e perigosos. É preciso escolher", afirma.

A praia do Bananal fica na Ilha Grande, localizada a pouco mais de uma hora do centro da cidade. O trajeto só pode ser feito de barco ou helicóptero. "Um lugar fora do comum. Venho sempre pra cá. Eu gosto muito da enseada de Palmas e do lado inóspito da ilha, que é a praia da Aventura, um lado mais selvagem e bom para acampamento. Vou passar cinco dias na Ilha. Não dá para conhecer nem um terço do que é isso aqui. Para dar um giro completo na Ilha Grande é preciso pelo menos três semanas", diz o advogado Marcos Louro.

Um dos cartões postais da ilha é a praia Preta, situada no centro do local e oferece aos visitantes um contato mais íntimo com a natureza. O acesso é feito por uma trilha, onde podem ser vistos com macacos e pássaros. "A ilha, na verdade, é um grande paraíso. Sou de Minas Gerais e adoro aqui. Para mim é um lugar mais selecionado que passa a impressão de riqueza", afirma o professor de inglês Victor Martins.

Tragédia em Angra
Deslizamentos de terra causaram dezenas de mortes na madrugada do dia 1º em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. No centro de cidade, uma encosta cedeu e deslizou por cima de casas no Morro da Carioca. Na Ilha Grande, o deslizamento por conta das chuvas durante a madrugada encobriu a pousada de luxo Sankay, lotada de turistas, e mais sete casas, na enseada do Bananal. Cerca de 120 homens da Defesa Civil, dos Bombeiros e da Marinha participam do resgate.
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