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Sábado, 27 de julho de 2024

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Venezuelanos enfrentam desabastecimento antes de referendo

Às vésperas do referendo, marcado para amanhã (15), em que os venezuelanos responderão se aceitam que os chefes dos Poderes Executivos nacionais (presidentes, governadores e prefeitos) disputem a reeleição indefinidamente, alimentos como arroz, feijão, açúcar e papel higiênico desapareceram das prateleiras dos supermercados da capital, Caracas.



As informações são da BBC Brasil. No ano passado, quando houve eleições regionais, os consumidores também enfrentaram desbastecimento antes do pleito e tiveram dificuldade para encontrar açúcar e café. Já no referendo de 2007, quando os venezuelanos disseram não à ampla reforma constitucional, houve uma aguda crise de desabastecimento de leite. Dois dias depois do pleito, o produto reapareceu nas prateleiras, em grandes quantidades.

A falta de produtos de primeira necessidade serve de argumento para que chavistas e oposicionistas ao governo federal acusem uns aos outros. Chefe de compras de um supermercado de um bairro de classe média alta de Caracas, Wilmer Florian disse à BBC Brasil que os fornecedores deixaram de entregar os principais produtos, alegando que a escassez ocorre devido à falta de matéria-prima.

Para Florian, no entanto, o problema é provocado por razões políticas. "O governo tem controlado mais os empresários, obrigando a regulação dos preços, coisa que não existia antes. E eles respondem assim para pressionar o governo, para que os consumidores sintam essa sensação de caos", afirmou.

O próprio presidente da Confederação de Industriais, Eduardo Gómez Sigala, diz que a escassez é fruto do "excesso de controle do governo", tanto na regulação dos preços como no acesso às divisas para a importação dos produtos. “O problema político é do governo, não tem nada a ver com eleições", afirmou Sigala, em referência ao controle de câmbio que desde 2003 permite ao Estado regular todas as atividades comerciais com moedas estrangeiras.

Para Alfonso Benitez, morador de um dos bairros onde vive a maioria dos opositores do presidente Chávez, o desabastecimento é fruto da incerteza quanto ao resultado da consulta. “Já não tem muito [produto] e o pessoal vem e enche os carrinhos, estoca mesmo, com medo de que alguma coisa possa sair mal nas eleições."

Ainda de acordo com a BBC Brasil, o desabastecimento atinge todos os grandes supermercados da capital, cujas redes de abastecimento não passam pelo controle governamental. Enquanto isso, nos mercados populares subsidiados pelo governo e localizados principalmente em bairros periféricos, a situação é outra. Mesmo vendendo alimentos com até 70% de desconto, não há escassez nesses estabelecimentos, segundo a BBC Brasil.

Dependente da exportação do petróleo, a Venezuela importa cerca de 70% dos alimentos que consome. Os mercados do governo, por exemplo, são abastecidos com importações provenientes principalmente do Brasil e da Colômbia.

"Aqui tem de tudo, o que falta às vezes é dinheiro", afirmou, em tom bem-humorado, o motoboy Jitson Huerta, morador do Bairro de La Vega.

Para Alejandro Uzcátegui, presidente da Federação Empresários pela Venezuela, grupo próximo ao governo federal, o problema é “fundamentalmente eleitoral”. “Trata-se de uma estratégia desestabilizadora. Esses empresários [que se opõem a Chávez] pretendem afetar o resultado das eleições do domingo, assim como tentaram fazer no ano passado com as eleições regionais", afirmou Uzcátegui.

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