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Sábado, 27 de julho de 2024

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Jornais suíços criticam governo brasileiro no caso de advogada agredida

Os principais jornais da Suíça deste sábado fazem sérias críticas ao governo e à imprensa brasileiros no caso da advogada Paula Oliveira, que disse ter sido agredida por skinheads neonazistas em Zurique no início desta semana.


Em um artigo opinativo, o diário conservador "Neue Zürcher Zeitung", um dos jornais de maior prestígio na Europa, cita o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro das Relações Exteriores Celso Amorim e o ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, apontando que eles taxaram como "fato, de forma irrestrita, as declarações da brasileira".

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O texto também diz que a imprensa brasileira "passou dos limites, indo especialmente longe no julgamento de supostos incidentes neonazistas e racistas na Suíça".

O "Neue Zürcher Zeitung" afirma que a imprensa brasileira teria criticado publicações suíças, inclusive o próprio jornal. O artigo comenta ainda que a mídia no Brasil traz regularmente "notícias de fatos totalmente inventados, acusações que já destruíram a vida de outras pessoas", além de afirmar que "a gravidez inventada, segundo se conta", seria artifício comum entre as brasileiras "para pressionar maridos e companheiros".

O artigo termina afirmando que os suíços se surpreenderiam "com o nível de xenofobia, neonazismo e antissemitismo no Brasil". "O país tropical está, de acordo com sondagens internacionais, entre os Estados com maior índice de xenofobia: 72% são, segundo pesquisa, contra a recepção de estrangeiros", comenta o periódico.

Outros periódicos suíços não pouparam expressões irônicas para criticar o governo brasileiro. O "20 Minuten", o jornal de maior tiragem da Suíça alemã e distribuído gratuitamente, traz um artigo intitulado "Lula da Silva 'caranguejeia' para trás".

Nele, o jornal comenta as reações reticentes do governo brasileiro na sexta-feira, após surgir a notícia de que Paula Oliveira não estaria grávida, como ela havia alegado. O "20 Minuten" lembra que no dia anterior, o governo brasileiro demonstrou indignação e deu declarações públicas nas quais cogitou mesmo recorrer à ONU para pressionar o governo suíço.

A mídia brasileira também foi alvo do jornal "Tages-Anzeiger", na reportagem "Eles expuseram o Brasil ao ridículo". O diário reproduz comentários de leitores brasileiros publicados nos jornais nacionais após a reviravolta do caso, nos quais "atacam as reações precipitadas do presidente Lula e do ministro Amorim".

O mesmo jornal suíço também dedica outro artigo ao caso de Paula Oliveira, intitulado "A tragédia de O.: lenha para a sociedade borderline". Escrito por uma repórter da área de cultura, o texto classifica a história como uma "lição de manipulação da mídia", que demonstraria o interesse da sociedade "por personalidades portadoras de borderline".

A autora diz se tratar de um "caso evidente de uma mulher que utiliza o próprio corpo, de forma bastante consciente, para tornar uma suposta impotência em um chamariz para a mídia e, por consequência, em poder".

O texto afirma que ao se confirmarem as conclusões preliminares da investigação, a brasileira "deve ser diagnosticada como tendo um transtorno de personalidade borderline" e cita automutilação e necessidade de chamar a atenção como alguns dos sintomas deste tipo de transtorno.

O título do artigo se aproveita da inicial do sobrenome da brasileira e faz uma alusão implícita ao nome do romance "A História de O", clássico erótico sobre uma mulher que se submete voluntariamente a práticas de tortura.

A maioria dos jornais também divulgaram entrevistas com psiquiatras e tratam o caso como um incidente com fortes indícios de ter sido causado por alguém com problemas psíquicos.

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