Oito aviões da Força Aérea Brasileira chegaram ao Haiti entre a sexta-feira e este sábado após o terremoto que devastou o país caribenho que estima em cerca de 200 mil as mortes causadas pela tragédia ocorrida esta semana.
As aeronaves da FAB levaram para a capita haitiana, Porto Príncipe, 140 passageiros e mais de 80 toneladas de carga entre suprimentos, equipes médicas, material de apoio e um hospital de campanha para ajudar no resgate de feridos após o tremor de magnitude 7 que destruiu a já frágil infra-estrutura local.
Os Estados Unidos assumiram controle do aeroporto de Porto Príncipe na sexta-feira para organizar os voos com ajuda humanitária que está sendo despachada e acelerar a distribuição dos recursos depois que a instalação se tornou um grande gargalo com ondas de aviões civis e militares tentando utilizar o pequeno espaço aéreo haitiano.
Segundo a FAB, depois que três aeronaves brasileiras pousaram em Porto Príncipe na sexta-feira, mais cinco aviões que aguardavam autorização de voo na vizinha República Dominicana e em Boa Vista, em Roraima, voaram à capital haitiana.
Em nota divulgada, o Exército brasileiro informou que equipes de resgate dos Corpos de Bombeiros do Rio de Janeiro e do Distrito Federal iniciaram seus trabalhos neste sábado em Porto Príncipe e conseguiram resgatar vários sobreviventes.
Enquanto isso, os tropas brasileiras na capital haitiana intensificaram patrulhas, "colocando todo efetivo disponível em operação, no intuito de evitar o aumento dos índices de violência na cidade, que permanece estável no que tange à segurança".
Segundo o inspetor geral da polícia haitiana Jean-Yonel Trecile, cerca de 50 pessoas foram presas, em operações para evitar saques e aumento da violência.
Outro ponto de foco dos trabalhos dos militares do Brasil é a desobstrução da rua Delmas, uma das principais vias da cidade. As tropas também estão recolhendo corpos que estão espalhados pela capital.
O Brasil lidera a missão de estabilização criada para restaurar a ordem no Haiti e tem 1.266 militares no país. A Minustah, como é conhecida a missão da ONU no país, tem contingente de cerca de 9.000 pessoas, sendo pouco mais de 7.000 militares.
Na sexta-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que visitou o Haiti esta semana para avaliar a situação após o tremor e coordenar esforços de ajuda das forças brasileiras, afirmou que a missão da ONU tem que trocar seu foco da manutenção da ordem e da paz para se concentrar na recuperação da nação mais pobre das Américas.
Também na sexta-feira, o ministro do Interior, Paul Antoine Bien-Aime, afirmou que já tinham sido recolhidos cerca de 50 mil corpos no Haiti e estimou que o número de mortos na tragédia ficará será de 100 mil e 200 mil "embora nunca saberemos o número exato", afirmou.
Até a sexta-feira, cerca de 40 mil corpos foram enterrados, segundo informação do secretário de Estado para Segurança Pública, Aramick Louis.
VELÓRIO
Neste sábado, o corpo da médica pediatra e fundadora da Pastoral da Criança, Zilda Arns, é velado no Paraná.
Zilda estava em missão humanitária no Haiti quando morreu no forte terremoto. Ela participava da Conferência dos Religiosos daquele país e trabalhava para motivar os líderes e voluntários da Pastoral que amparam crianças, gestantes e famílias.
Seu corpo foi trazido por um avião da FAB de Porto Príncipe e chegou na madrugada da sexta-feira a Brasília, de onde levado a Curitiba.
O enterro será neste sábado no Cemitério Municipal Água Verde, após uma missa de corpo presente, e reservado a familiares e amigos mais próximos.
Quatorze militares brasileiros que integram as forças de paz da ONU no Haiti também morreram na tragédia.