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Segunda-feira, 06 de maio de 2024

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Moradores de Angra ainda sofrem as consequências do temporal

Foto: Reprodução

Moradores de Angra ainda sofrem as consequências do temporal
Quase um mês após a tragédia de Angra dos Reis, quando deslizamentos de terra mataram 53 pessoas, o cenário ainda é de desolação na cidade. Logo na entrada, quem chega se depara com as marcas da tragédia: morros marcados pelos deslizamentos que soterraram dezenas de casas e destruíram tantas famílias.


O Morro da Carioca, no Centro, é o principal endereço da tragédia. Na quinta-feira (28) à noite, na associação de moradores, as famílias das vítimas, pessoas que perderam suas casas ou sofreram algum tipo de dano, se reuniram pela primeira vez para organizar suas reivindicações diante do poder público.

A maioria das pessoas, que tiveram suas casas demolidas pela Defesa Civil, por estarem em área de risco, queria mais informações sobre o que deveriam fazer para receber o benefício social concedido pela prefeitura que garante o pagamento de aluguel de até R$ 510.

“Demoliram minha casa com três quartos, sala cozinha e banheiro que levei dez anos para construir. O problema é que não estamos encontrando mais imóvel para alugar com esse preço”, queixava-se a doméstica Maria Irene da Conceição, 45 anos, mãe de três filhos. “Esperava uma indenização. Afinal, perdi tudo o que tinha”. No Morro da Carioca a Defesa Civil já demoliu cerca de 100 casas.

Uma das moradoras do morro que também procurava por respostas era a zeladora Cristina Narciso, 28 anos, que perdeu 15 pessoas da sua família na tragédia. “Não sabemos direito o que temos que fazer. Ainda estamos com as imagens dessa desgraça na nossa cabeça”, disse, ela que cuida da avó, Ruth Narciso, 60 anos, que é hipertensa.




Morro da Carioca, em Angra dos Reis (Foto: Aluízio Freire/G1)“Ela toma muitos remédios e preciso ficar com ela o tempo todo. Às vezes não tenho como sair para resolver as coisas. Minha família está destroçada. Perdemos a casa e muitas vidas”, completa Cristina, sem conseguir evitar as lágrimas.

O bombeiro hidráulico Rogério de Araújo Ramos, 43, que também perdeu sua casa, não esquece as cenas de terror que viu de perto. “Foi a noite mais triste da minha vida. Uma avalanche de lama passou por cima da minha casa. Sorte que a gente ouviu um estalo e saiu”, conta.

Embora sua casa não tenha sido interditada, o auxiliar de enfermagem José Rodrigo Alves, 29, disse que o sobressalto passou a fazer parte da rotina dos moradores. “Quando passa o carro alertando pelo alto falante para que você abandone sua casa se chover forte e caso perceba alguma rachadura na parede ou estalos ninguém pode ter tranquilidade. Queremos saber o que efetivamente vai ser feito”, ressaltou.

Turismo

A tragédia também afetou em cheio o setor turístico na região, um dos principais segmentos da economia do município. Na segunda-feira (25), representantes dos barqueiros, pousadas, hotéis e outros empreendimentos da área se reuniram com o prefeito Tuca Jordão, com quem deixaram um documento em que fazem um “pedido de socorro” solicitando providências emergenciais para evitar um colapso do turismo.

“Estamos enfrentando cancelamentos em massa de reservas, antecipações de retorno, e desestímulo a vinda de novos turistas, reduzindo em cerca de 80% a taxa de ocupação, situação pior a que ocorre em baixa temporada, o que aponta para uma recessão sem precedentes no turismo em Angra”, diz a carta entregue pelo presidente do Angra dos Reis Convention & Visitors Bureau (ACVB), Gino Zamponi. “É um pedido de socorro, mesmo”, ressalta Gino.

O documento lembra ainda que o setor turístico, que atualmente gera cerca de 15 mil empregos diretos e indiretos e responde por aproximadamente 30% da arrecadação municipal, de acordo com dados da TurisAngra, “corre o risco de se ver obrigado a promover demissões em massa e não conseguir honrar compromissos assumidos com investimentos em preparação para receber os turistas neste período de alta temporada”.

Segundo a Associação dos Barqueiros de Angra, que representa 120 barqueiros, o setor esta amargando grandes prejuízos. “Nessa época, tinha fila aqui de pessoas querendo fazer passeios. Agora, está vazio. De uma média de 25 saídas por dia, só estamos fazendo dois”, reclama o presidente da associação, David Plácido, que fez um investimento na compra de um barco no valor de R$ 50 mil. “Sinceramente, não sei como vou pagar.”

Acostumado a ver sua pousada lotada na Praia da Enseada, Guilherme Franco Moreira, presidente da Associação de Turismo Subaquático da Costa Verde, atendia apenas um aluno que fazia aulas de mergulho. O movimento, nos fins de semana, era de pelo menos 40 pessoas interessadas em mergulhar.

“A divulgação de que estamos vivendo uma calamidade assustou muita gente. Mas é preciso dizer que nem todas as áreas de Angra foram afetadas. Temos infraestrutura para atender as pessoas com conforto e sem problemas. Apesar da Rio-Santos estar em meia pista na altura do KM 477, no acesso a Angra, é uma rodovia que está boa em outros trechos e quem vem do Rio chega aqui em menos de duas horas”, afirma. “Por outro lado, temos um público que chega aqui de barco, helicóptero ou avião” acrescenta Guilherme.

No entanto, a ACVB também pede à prefeitura que agilizem as obras de remoção de terra e pedras que obstruíram alguns trechos da Estrada do Contorno com os deslizamentos causados pelas chuvas.
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