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Sexta-feira, 19 de julho de 2024

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Funcionário do DF preso por tentativa de suborno é transferido para presídio da Papuda

O conselheiro do Metrô do Distrito Federal Antônio Bento da Silva foi transferido nesta sexta-feira para o presídio da Papuda, em Brasília. Ele foi preso em flagrante ontem ao tentar subornar o jornalista Edson dos Santos, o Sombra, principal testemunha de Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção que envolve o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido).


Silva passou a noite em uma cela da Superintendência da Polícia Federal em Brasília, que no ano passado extinguiu a carceragem e agora possui uma área reservada no presídio da Papuda. Ontem, ele passou por exame de corpo de delito no IML (Instituto Médico Legal).

Vídeo

Em imagens gravadas pela Polícia Federal momentos antes da prisão, Sombra assina papéis e repassa para Silva. Após a assinatura de documentos, Silva entrega uma sacola para o jornalista.




Segundo a PF, a sacola tinha R$ 200 mil, que seria a primeira parcela do suborno. Os papéis seriam uma declaração do jornalista afirmando que os vídeos feitos por Durval e que fazem parte do inquérito do STJ (Superior Tribunal de Justiça) sobre o esquema de pagamento de propina teriam sido manipulados. As gravações do delator mostram Arruda, o vice-governador, Paulo Octávio, secretários, assessores, deputados distritais recebendo suposta propina.

Sombra afirmou à PF que Silva estava interessado em oferecer uma quantia de dinheiro em troca de direcionamentos para seu depoimento. A Polícia Federal passou a monitorar Silva, que também é gerente comercial do jornal que Sombra tem na cidade.

O jornalista teria telefonado ontem para a Polícia Federal informando do encontro na manhã de ontem em um restaurante, no setor Sudoeste de Brasília, onde foi realizada a prisão em flagrante.

Após a prisão em flagrante, Silva e Sombra prestaram depoimento na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, aos delegados Eumiz Antonio Rocha Junior e Alfredo Junqueira. Sombra foi liberado e deixou o local sem falar com a imprensa.

Ao todo, o inquérito do STJ (Superior Tribunal de Justiça) envolve 36 pessoas, entre autoridades do governo local, deputados distritais e empresários. Segundo o inquérito, há indícios da prática dos crimes de formação de quadrilha, peculato, corrupção ativa e passiva, fraude de licitação e crime eleitoral.

Bilhete

Ontem à noite, Sombra afirmou à Folha Online que entregou para a PF um bilhete escrito por Arruda, o que seria uma das provas da tentativa de suborno. A PF confirmou a entrega do bilhete, mas não faz referência ao autor. O bilhete deve passar por uma perícia.

Segundo Sombra, ele recebeu o bilhete entre os dias 8 e 9 de janeiro das mãos do deputado distrital Geraldo Naves (DEM), amigo do governador e suplente de Paulo Roriz, secretário de Habitação. O recado de Arruda teria sido utilizado durante a negociação do suborno. No bilhete, de acordo com o jornalista, Arruda teria escrito siglas e frases soltas, como: "sei que tentou evitar".

Naves afirmou nesta sexta-feira à Folha Online que o bilhete foi escrito por Arruda. Amigo de Arruda, Naves disse que o "recado" do governador foi escrito no início de dezembro de 2009 e seria uma sinalização de que "não estaria chateado" com o jornalista, apesar da proximidade dele com o Durval Barbosa, delator do esquema de corrupção.

"O bilhete é verdadeiro, mas a historia não é essa. Não há nem nunca houve suborno. Ele [Sombra] estava preocupado com a verba de publicidade. Conversei com o governador e ele me disse que não tinha nada contra o Edson [Sombra] e pegou uma caneta e escreveu. Eu levei e mostrei o bilhete para o Edson e ele me pediu para ficar com o papel. Disse que era para quando fosse conversar com o governador mostrar que recebeu", afirmou.

Armação

Em nota, o GDF (Governo do Distrito Federal) afirma que foi uma "armação de Durval Barbosa" a tentativa de suborno de Silva ao jornalista.

"Fica evidenciada mais uma tentativa de armação do grupo de Durval Barbosa para comprometer o GDF e turvar as investigações. O GDF repudia as insinuações divulgadas e nega qualquer envolvimento com este lamentável episódio", diz a nota.

Segundo o documento, Silva tentava intermediar encontros de Sombra, principal testemunha de Durval, com Arruda. A nota afirma que Silva tentava negociar patrocínio do GDF para o jornal da mulher de Sombra. Segundo o governo, os pedidos de publicidade foram todos negados.

"O sr. Antônio Bento trabalha para o jornalista Edson Sombra no jornal 'O Distrital', de propriedade deste, onde ocupa o cargo de diretor comercial. Nos últimos 15 dias o sr. Antônio Bento procurou insistentemente o GDF, primeiro com o pedido de um encontro entre o jornalista Edson Sombra e o governador Arruda; e, a seguir, com pedido de patrocínio para o referido jornal. Todos os pedidos foram negados".
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