O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega amanhã (23) a Cuba para a última visita oficial ao colega cubano, Raúl Castro, e ao irmão dele, o ditador Fidel Castro. A visita de Lula à ilha governada pelos Castro há 51 anos integra uma viagem que começou ontem (21) no México e inclui também o Haiti e El Salvador.
Raúl e Lula estão hoje em Cancún para a cúpula do Grupo do Rio, na qual está sob análise a criação de um organismo continental paralelo à OEA (Organização dos Estados Americanos) e sem os Estados Unidos e o Canadá.
Os encontros de Lula com os Castro estão marcados para quarta-feira (24). Na quinta-feira (25), o presidente viajará para o Haiti.
Fontes do governo consideram a reunião entre Lula e Fidel como um "reencontro de velhos amigos". O ex-ditador cubano não aparece em público desde que adoeceu em 2006 e cedeu o comando ao irmão, embora continue como primeiro-secretário do Partido Comunista.
Na conversa entre Lula e Fidel Castro, "serão discutidos assuntos da realidade internacional", disse o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, sem dar mais detalhes. Antes, Lula vai visitar as obras de ampliação do porto de Mariel, nas proximidades de Havana, para as quais o Brasil concedeu empréstimos de US$ 150 milhões (mais de R$ 271 milhões) que podem ser ampliados para US$ 500 milhões (mais de R$ 905 milhões).
Presos
Como nas outras três visitas de Lula a Cuba como presidente, foi descartada uma reunião com os representantes da oposição interna cubana. Mesmo assim, 50 dissidentes presos ou com "licença extrapenal" por razões de saúde pediram ao presidente, por meio de uma carta, que interceda por sua liberdade, quando conversar com os Castro.
Os signatários da carta são 42 opositores presos e oito que têm a "licença extrapenal", todos do grupo de 75 condenados em 2003 a penas de até 28 anos de prisão por serem, conforme o governo cubano, "mercenários" dos Estados Unidos.
Relações
Brasil e Cuba estreitaram suas relações políticas e comerciais nos últimos anos. O governo brasileiro mantém programas de cooperação e financiamento para obras de infraestrutura na ilha. O comércio bilateral em 2009 girou US$ 330 milhões, com balança totalmente favorável ao Brasil, que exportou US$ 223 milhões em produtos, segundo o porta-voz Baumbach.
Depois do encontro com Fidel Castro, Lula vai assistir ao encerramento de uma reunião do grupo de trabalho Brasil-Cuba, que discutirá assuntos econômicos e comerciais. Depois, se reunirá com Raúl Castro.
Lula vai aproveitar a visita para buscar mais equilíbrio no comércio bilateral, disse o porta-voz.
O presidente ainda assegurou que a Petrobras também pretende fazer investimentos para construir uma fábrica de óleo combustível em Havana e para os estudos de prospecção na busca de petróleo em Cuba, e acrescentou que espera que tudo possa acontecer ainda em 2010. O ministro Miguel Jorge, já está em Havana para conversar sobre os projetos.
O porta-voz ressaltou que, desde 2003, o Brasil aprovou cerca de US$ 1 bilhão em empréstimos para Cuba e espera que essa soma aumente em US$ 300 milhões até 2012.
