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Domingo, 05 de maio de 2024

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Mulher brasileira de Ben Kingsley prepara-se para atuar e produzir épico "Taj"

Há dois anos e meio casada com o ator britânico Ben Kinsley, vencedor do Oscar por “Gandhi” (1982), a atriz brasileira Daniela Lavender, vive um verdadeiro conto de fadas pessoal e profissional, um tanto raro para uma estrangeira na Europa. Depois de chegar a Londres sem saber uma única palavra de inglês e ver interrompidos dois projetos cinematográficos em que se envolvera, finalmente sua carreira decolou.


No ano passado, ela atuou num duplo papel na peça “Sonhos de uma Noite de Verão”, de William Shakespeare, numa encenação do prestigiado grupo The British Shakespeare Company. Agora, prepara-se para atuar e produzir, pela primeira vez ao lado do marido, o épico romântico “Taj”, que revisita a história de amor do imperador que construiu o monumento do Taj Mahal, na Índia. Nesta entrevista por e-mail, Daniela conta mais detalhes de sua vida e dos planos profissionais.

UOL Cinema – Conte um pouco de sua vida pessoal. Onde você nasceu? Como surgiu a ideia de tornar-se atriz?
Daniela Lavender – Nasci em Feira de Santana (BA) e cresci em Salvador. Quando eu tinha 8 anos, era fissurada na Mary Tyler Moore e costumava encher a paciência de minha mãe e de meu irmão refazendo cenas do seu programa de TV. Eu tentava imitá-la perfeitamente, sem ter a menor ideia de que sua voz era dublada. Eu passava horas diante do espelho tentando aperfeiçoar minha imitação de uma Mary Tyler falando português fora de sincronia...

UOL Cinema – Você estudou atuação?
Daniela Lavender – Logo percebi que, se quisesse seguir a carreira de atriz, teria de mudar-me para o Rio de Janeiro. Eu queria estudar na melhor escola de atuação do Rio. Mas, como minha tia que morava lá era uma médica muito ocupada, não tinha tempo de ficar na fila dois dias para garantir minha vaga na melhor escola. Então, ela arrumou uma vaga para mim na escola que foi possível, sem saber que não era tão boa (Escola de Teatro Dirceu de Mattos). Além disso, eu tinha que mudar de ônibus duas vezes, andar uns dois quilômetros morro acima e ainda aturar um professor que era uma espécie de versão masculina da Gloria Swanson em “Crepúsculo dos Deuses”.

UOL Cinema – Mas você ficou lá assim mesmo?
Daniela Lavender – Fiquei, mas resolvi estudar jornalismo (na PUC-RJ). Achei que eu tinha que ter uma “profissão de verdade” para poder me sustentar. Então, minha rotina era universidade de dia, teatro de noite. No final do curso de teatro, uma das minhas professoras, que era uma diretora iniciante, me convidou a entrar no seu grupo. De repente, eu me vi vestida de elefante, num bar solitário que ficava na rua que levava à TV Globo. Eu ficava olhando as estrelas passarem por mim a caminho do estúdio da Globo...

UOL Cinema – Quando você resolveu mudar para Londres? Soube que você chegou lá sem saber nada de inglês, é verdade?
Daniela Lavender – Eu estava trabalhando como jornalista e dividindo um apartamento com uma amiga que me sugeriu estudar inglês em Londres. A ironia era que, mesmo minha mãe sendo professora de inglês, eu nunca tinha falado uma palavra do idioma na vida. Então, me animei com essa possibilidade de viajar, totalmente despreparada. Depois de um ano trabalhando como garçonete por lá e estudando inglês em todas as horas disponíveis, finalmente se apresentou a oportunidade de um teste na London International School of Acting (LISA). Nome impressionante, mas a história se repetiu. Possivelmente, é a pior escola de teatro de Londres. Mesmo assim, era uma oportunidade que se apresentava.


Close da atriz brasileira Daniela Lavender
UOL Cinema – Como você fez o teste sem falar inglês direito?
Daniela Lavender – Foi um desafio. O texto escolhido era nada menos do que uma fala da rainha Anne da peça “Ricardo II”, do Shakespeare. Totalmente incompreensível para mim! Desesperada, eu praticamente parava as pessoas na rua para me ajudarem a decifrar aquele texto extraordinário. Graças à generosidade de novos colegas e de uma façanha da minha memória, consegui passar no teste. Meus examinadores disseram que, mesmo que não tivessem entendido tudo o que eu disse, não puderam tirar seus olhos de mim. E embora não fosse decididamente reconhecida como uma grande escola teatral, a LISA tornou-se minha vida.

UOL Cinema – Recentemente, você fez uma turnê na British Shakespeare Company, interpretando dois papeis em “Sonhos de uma Noite de Verão”. Como foi isso?
Daniela Lavender – Isso aconteceu no ano passado. A companhia estava fazendo testes para o importante papel de Titânia nessa peça. Minha primeira reação foi: “Não posso fazer”. Shakespeare, para mim, era como grego. Mas alguma coisa mudou. Os testes seriam dentro de quatro dias. Usei a experiência e o amor de meu marido por essa peça em particular. Então, cheguei ao teste não só com pleno domínio das minhas falas como da personagem como um todo e de um panorama geral da peça. Aí surgiu um novo desafio. Minha agente me contou que eu tinha conseguido não só o papel de Titânia, como também o de Hipólita – uma coincidência que se repete muito em montagens modernas desse texto. E os ensaios começariam em três dias.

UOL Cinema – Como você encarou esse duplo papel?
Daniela Lavender – Eu me senti como vítima de uma emboscada do universo. Senti que o destino novamente me apresentava uma oportunidade profissional que não ia se concretizar – como tinha acontecido em dois filmes em que eu vinha trabalhando e foram interrompidos. Mas eu resolvi lutar. Meu marido estava no Marrocos, filmando “O Príncipe da Pérsia”. Peguei o primeiro avião para Marrakech e juntos trabalhamos no texto desde as primeiras horas da manhã, no terraço de seu quarto de hotel.

UOL Cinema – Você teve uma pequena experiência em cinema. Conte como foi.
Daniela Lavender – Depois de nove meses sem qualquer proposta, minha agente me consultou sobre um projeto chamado “Emotional Backgammon” (inédito no Brasil) e me alertou que, apesar do baixo orçamento da produção, considerando a “minha situação”, eu devia tentar um teste. Então, eu fui, fiz o teste com o diretor Leon Herbert, que me deu o papel principal. Acabei vencendo o prêmio de melhor atriz no Festival de Denver.

UOL Cinema – Há quanto tempo você se casou com Ben Kingsley? Como se conheceram?
Daniela Lavender – Conhecemo-nos numa festa, no final de 2005. Fomos apresentados e logo descobrimos uma porção de coisas em comum. Alguns dias mais tarde, ele estava na praia no México, caiu e fez um corte na cabeça, que sangrou muito. Então, decidiu me procurar. Procurou uma pessoa que ambos conhecíamos e deixou seu número, pedindo-lhe que o desse para mim. A pessoa me ligou e disse que Ben deixou o telefone e que “era melhor ligar, porque ele tinha ferido a cabeça”. Quando eu telefonei, ele me perguntou se eu lhe daria a honra de jantar, almoçar ou passear com ele. Casamo-nos em setembro de 2007.

UOL Cinema – Vocês têm um projeto cinematográfico juntos, “Taj”, que aliás é uma história romântica. Poderia dar mais detalhes do filme?
Daniela Lavender – “Taj” é um drama épico sobre as circunstâncias que levaram à construção de um dos maiores monumentos ao amor, o Taj Mahal. Eu vou interpretar a princesa persa Kanadahari Begum, primeira esposa de Shah Jahan. Ben vai interpretar Shah Jahan, o imperador do século 17 que passou 22 anos construindo o monumento como uma homenagem à sua esposa favorita, Mumtaz Mahal, que morreu do parto de seu 14º filho. “Taj” vai ser o primeiro filme em que atuarei ao lado de meu marido. As filmagens devem começar no segundo semestre deste ano.

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