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Terça-feira, 07 de maio de 2024

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Neste Dia de Saint Patrick, conheça os maiores nomes da literatura irlandesa

Uma tradicional cantiga irlandesa conta que São Patrício nasceu exatamente na passagem do dia 8 para o dia 9 de março. A questão dividiu a Irlanda, gerando uma guerra entre aqueles que celebravam o aniversário do santo no primeiro dia ou no segundo. A música continua com um padre chamado Mulcahy, que mostra a solução: somar o 8 e o 9 e comemorar a data no dia 17 de março.


Essa pequena fábula é uma breve amostra da capacidade do povo irlandês de contar histórias. A Irlanda é um dos países com a literatura mais expressiva do mundo, o que é surpreendente para uma nação pobre para os padrões europeus e distante dos demais países do continente tanto do ponto de vista geográfico --por ser uma ilha-- quanto cultural --por não ter sido tão influenciada pelo avanço romano.

"A Irlanda é um país que sempre teve muito forte a influência da tradição celta de contar histórias oralmente", conta John Milton, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. "Além disso, na Idade Média, a Irlanda se tornou um grande depósito de conhecimento devido aos mosteiros medievais construídos no país".

"O motivo da riqueza literária irlandesa é uma pergunta que se faz frequentemente", disse a professora da USP Munira Hamud Mutran, especializada em teatro e ficção irlandesa. "Mas é algo que não tem uma resposta simples. Sabemos que há no país uma produção imensa de grandes gênios, porém o seu aparecimento é tão misterioso quando a de escritores do calibre de Machado de Assis, Guimarães Rosa e Graciliano Ramos no Brasil."

Os temas da literatura irlandesa variam muito com o tempo. Na Idade Média, ela se concentrava nas belezas naturais do país, depois passou a retratar a crise econômica, violência e nacionalismo --particularmente no período de fome no meio do século 19. No início do século 20, a produção de romances diminuiu bastante, com os escritores se concentrando em contos sobre o dia a dia e sobre personagens das grandes cidades.

A partir da década de 1940, há um crescimento da produção teatral, encabeçada pelo dramaturgo Samuel Beckett. "Já a literatura irlandesa dos últimos anos se distanciou um pouco desses temas, se concentrando mais no cotidiano entre homens e mulheres, por exemplo", disse Munira.

Entre os assuntos recorrentes na literatura da nação está o exílio, tanto geográfico quanto o exílio interno: a solidão. "Atualmente, a Irlanda é um país que recebe muitos imigrantes de países do Leste Europeu. Mas por todo o século 19 era constante irlandeses irem para a Inglaterra ou Austrália sem jamais retornar ao país natal", afirmou a professora.

Conheça abaixo alguns dos principais escritores da Irlanda e suas maiores obras.

Samuel Beckett

Nasceu perto de Dublin, na Irlanda, em 1906 e foi criado por uma família protestante da classe média. Aos 23 anos foi premiado por um poema intitulado "Whoroscope" de 1930, no qual, por meio do filósofo Descartes, contempla a transitoriedade da vida, tema tão recorrente em sua obra. Porém, foi após o estudo sobre Proust que cristalizou seu conceito de tempo, dando forma à sua contemplação da condição humana.

Prêmio Nobel de Literatura em 1969, Beckett é um dos fundadores do teatro do absurdo. Morreu em Paris em 1989, aos 83 anos de idade.

É autor dos romances "O Inominável", "Molloy" --considerado por muitos sua obra-prima-- e "Primeiro Amor" --seu primeiro texto em francês.

No teatro, expressou seu pessimismo desesperado em peças como "Fim de Partida" e "Esperando Godot", talvez sua obra mais famosa.

Edna O'Brien

Edna O'Brien nasceu em 1932, no Condado de Clare, Irlanda. Em 1959, mudou-se para Londres. Começou a carreira como poeta, passando logo à ficção.

Frequentemente criticada em seu próprio país --cinco de seus romances foram banidos da Irlanda por retratar a sexualidade da mulher--, a autora conquistou o público internacional: o "San Francisco Chronicle" a descreveu como uma "valiosa herança dos grandes antepassados da literatura irlandesa".

Recebeu vários prêmios literários, entre eles, o Prêmio de Ficção do Writer's Guild por "Time and Tide". Escreveu, ainda, para a televisão, cinema e teatro. Entre suas obras no Brasil estão o romance de suspense "Dezembros Selvagens", "A Luz da Noite" e "James Joyce", um estudo do autor irlandês.

Bernard Shaw

Um dos maiores dramaturgos da Irlanda, nasceu em 1856 e morreu em 1950. Iniciou sua carreira com crítica literária e musical, mas logo se voltou ao teatro e escreveu mais de 60 peças, a maioria inédita no Brasil.

Suas peças lidam de forma bem-humorada com problemas sociais, educação, religião, casamento, governo e a futilidade das classes privilegiadas.

Bernard Shaw foi a primeira pessoa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1925, e um Oscar, em 1938. Entre suas peças lançadas no Brasil está "A Profissão da Senhora Warren", que conta a história de uma mulher rica que dá à sua única filha uma educação elitista, mas a origem obscura da riqueza e ascensão social da família volta para assombrar o clã.

Seamus Deane

Nasceu em 1940, em Derry, no norte da Irlanda. Seu romance de estreia "Lendo no Escuro", publicado em 1966, foi nomeado para o Booker Prize, venceu o Prêmio de Ficção Internacional do "Irish Times" e o Irish Literature Prize, em 1997.

Também atuou como poeta e crítico literário.

Autor premiado de obras como "O Bailarino" e "O Outro Lado da Luz", o irlandês Colum McCann teve livros traduzidos para 30 idiomas e foi nomeado, em 2003, "Escritor do Ano" pela revista "Esquire".

Nascido em 1965, também recebeu prêmios como o Pushcart Prize, o Rooney Prize, o Prêmio Hennessy por Literatura Irlandesa, o Irish Independent Hughes e o Prêmio Hughes/Sunday por romance independente de 2003.

Também atuou como roteirista e seu curta "Everything in this Country Must" foi nomeado ao Oscar em 2005. Atualmente, o escritor também dá aulas de "creative writing" ("escrita criativa" para futuros escritores de ficção) no Hunter College, em Nova York.

Marian Keyes

Marian Keyes é irlandesa e morou em Londres durante 12 anos. Nascida em 1963, estudou na Universidade de Dublin, onde se formou em 1984. Hoje é uma das autoras de maior sucesso no Reino Unido, tendo vendido a peso de ouro os direitos de publicação de seus livros para o mundo inteiro.

É uma das expoentes do gênero "chic lit", com obras direcionadas a mulheres jovens que discutem as dificuldades e fatos curiosos do cotidiano feminino em um estilo semelhante ao de séries como "Sex and the City".

"Los Angeles" é o seu sexto romance lançado no Brasil. "Melancia", "Férias!", "Sushi", Casório?! e "É Agora... Ou Nunca", atingiram um público de mais de 500 mil leitores. Suas obras já foram traduzidas para mais de 20 idiomas, sempre se destacando nas listas dos mais vendidos. Atualmente, Marian Keyes vive em Dublin com o marido.
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