O presidente francês Nicolas Sarkozy fez um inabitual pronunciamento nesta quarta-feira (24), no Palácio do Eliseu, em Paris, logo após uma reunião com seu Conselho de Ministros. Ele garantiu a continuidade das reformas iniciadas pelo primeiro-ministro François Fillon, que geraram uma onda de protestos por todo o país, e fez algumas considerações relativas à avassaladora derrota de seu partido nas eleições regionais ocorridas neste fonal de semana - pior resultado da direita no país desde 1981.
"Nada seria pior do que mudar mudar nosso direcionamento simplesmente por ceder às habituais pressões de períodos eleitorais", afirmou o presidente. "As consequências econômicas provocadas pela crise financeira e a necessidade de se tirar lições do que se passou (em referência às eleições) exigem sangue frio. As reformas vão continuar, parar agora arruinaria todo nosso trabalho", afirmou Sarkozy, que salientou o compromisso de "modernizar o país".
Após forte derrota para a esquerda nas eleições regionais do fim de semana, Nicolas Sarkozy garantiu a continuidade das reformas de seu governo em pronunciamento realizado nesta quarta-feira (24), no Palácio do Eliseu. (Foto: Benoit Tessier/AFP)
A principal medida que Sarkozy pretende instituir é a reforma da previdência, marcada para o segundo semestre. O presidente afirmou que ela não será "aprovada à força", mas pretende adotá-la em até "seis meses".
Entre outros assuntos, Sarkozy prometeu não aumentar os impostos, lutar contra a abstenção escolar e defendeu a criação de uma taxa europeia sobre emissões de carbono.
A França enfrentou um forte dia de protestos na terça-feira (23). Centenas de manifestações acontecem em Paris e em outras grandes cidades. Na capital, metrô e ônibus tinham funcionamento praticamente normal, mas os trens suburbanos foram afetados. A educação era um forte setor de adesão, após decisão do governo em não substituir um de cada dois funcionários públicos que se aposentam. Outra razão para os protestos é a recusa de uma nova reforma da previdência.
A derrota da União para um Movimento Popular (UMP) e dos aliados de centro nas eleições regionais, última votação antes da eleição presidencial de 2012, obrigou Sarkozy a realizar mudanças ministeriais, consideradas mínimas, no entanto.
A principal delas ocorreu no ministério do Trabalho e Assuntos Sociais. Eric Woerth, então responsável pelo Orçamento, foi nomeado para o cargo no lugar de Xavier D'Arcos. A refrma da previdência e a redução da alta taxa de desemprego de 10% serão seus principais desafios.
Nas regionais de 14 e 21 de março, a esquerda venceu em 23 das 26 regiões francesas com 54% dos votos, contra 35% para a direita