Legisladores democratas que apoiaram a reforma de saúde nos Estados Unidos tiveram de chamar a polícia e o FBI depois que membros da Casa dos Representantes receberam violentas ameaças de morte e mensagens obscenas.
O líder da maioria democrata na Câmara, Steny Hoyer, disse que mais de dez deputados democradas reportaram incidentes desde a votação de domingo, alguns descritos como "muito sérios", sem dar mais detalhes.
O presidente Barack Obama deveria viajar para Cedar Rapids, Iowa, nesta quinta-feira, para um evento que tratará dos benefícios das mudanças na saúde.
Mas alguns oponentes da reforma ameaçaram usar de violência, forçando diversos deputados s ampliar sua segurança, enquanto uma democrata afirmou que tijolos foram jogados contra as janelas de seu escritório.
O deputado de Michigan, Bart Stupak, - que fechou um acordo com os democratas conservadores após garantir que Obama restringisse o uso de verbas federais para cobrir abortos eletivos, abrindo o caminho para que seus colegas votassem a favor da reforma - recebeu um fax no qual estava escrito: "todos os assassinos de bebês vão morrer pelas mãos do homem ou pelas mãos de Deus".
O tom abusivo de algumas das mensagens, assim como alguns incidentes envolvendo violência abalaram os legisladores que se preparam para voltar para casa neste fim de semana para o recesso de primavera.
O escritório de Stupak recebeu uma mensagem por telefone na qual um homem declarava: "seu assassino de bebês filho da mãe. Seu pedaço de merda. Espero que você sangre muito, tenha câncer e morra."
O FBI está investingando um vazamento de gás na casa do irmão do deputado, e a Polícia do Capitólio orientou os deputados sobre quais medidas deveriam tomar para manter-se em segurança.
"Nós recebemos a informação de que um congressista pode ter sido ameaçado e essa foi a razão pela qual fomos à casa do irmão dele", informou o FBI.
"Qualquer membro da casa que se sentir em risco terá atenção das autoridades", disse Hoyer. "Essa atitude é inaceitável na nossa democracia."
A deputada de Nova York Louise Slaughter afirmou em um comunicado que alguém jogou um tijolo contra a janela de seu escritório. Ela disse ainda ter recebido um recado por telefone citando franco-atiradores. "'Assassinato' foi a palavra que eles usaram contra os filhos dos deputados que votaram pelo 'sim'", informou a emissora Rochester, citando a mensagem deixada na secretária-eletrônica da legisladora.
A Polícia do Capitólio, o FBI e os agentes locais estão cientes desses incidentes e ainda estão investigando", ela afirmou em comunicado.
O líder da minoria republicana, John Boehner, afirmou que muitos americanos estavam "nervosos" com a reforma da saúde, mas declarou que "violência e ameaças são inaceitáveis". "Isso não é o jeito americano (de lidar com as coisas)."
"Nós precisamos pegar essa raiva e canalizá-la para mudanças positivas. Ligue para seu congressista, vá para as ruas e peça às pessoas que votem, seja voluntário de uma campanha política, faça sua voz ser ouvida - mas faça do jeito certo", completou.
O democrata James Clyburn pediu que todos os legisladores de todos os partidos mandassem uma mensagem única dizendo que tais ameaças eram inaceitáveis.
"Nós, nesse Congresso, temos que nos unir e derrubar essa idiotice. Não faz sentido. Democracia não é isso", afirmou Clyburn à CNN.
Depois da votação da reforma de saúde, o blogueiro conservador "Solly" Forell passou a ser investigado pelo serviço secreto por publicar ameaças contra Obama no site Twitter.
"Assassinato da América. Nós sobrevivemos ao assassinato de Lincoln e Kennedy. Nós precisamos de uma bala para a cabeça de Barack Obama", escreveu. Forell deletou posteriormente a mensagem publicada e escreveu: "vamos renunciar à dura retórica usada contra o presidente. Muitos, inclusive eu, usaram linguagem inapropriada. Vamos ser civilizados!".