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Sábado, 20 de julho de 2024

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Moradores se organizam para ajudar vítimas no Morro dos Prazeres

Enquanto bombeiros continuam as buscas por corpos de vítimas dos últimos deslizamentos no Morro dos Prazeres, no centro do Rio de Janeiro, membros da comunidade se organizaram por conta própria para recolher donativos, ajudar moradores que estão deixando suas casas e para tentar restabelecer a normalidade nesta que é uma das comunidades mais atingidas pelas recentes chuvas no Estado


O ex-carteiro Nedson da Costa Nunes, há doze anos morador da região, leva uma folha de papel nos bolsos enquanto espera por uma oportunidade para ajudar no trabalho das autoridades. Nela está uma lista com os itens que os membros da comunidade mais necessitam: colchonetes, lençóis, fraldas descartáveis e mantimentos.

"Recebemos muitas doações de roupas, mas se vier mais tudo bem", diz Nunes, que faz parte de um grupo de cerca de 30 moradores que procuram ajudar nos trabalhos dos bombeiros e da Defesa Civil.

Outro membro do grupo é Marcos de Lima, que mora há 31 anos no Morro dos Prazeres e afirma não ter conseguido dormir direito nos últimos dias devido aos trabalhos de ajuda.

Ele conta que, logo após o maior deslizamento de terra no morro, na manhã da última terça-feira, os moradores se organizaram e conseguiram resgatar sozinhos "umas três ou quatro pessoas com vida".

"Saímos pelas casas dos vizinhos procurando ferramentas (para cavar)."

Atualmente, são os bombeiros os responsáveis pelas buscas, mas Lima afirma que os membros da comunidade auxiliam na localização das vítimas e conta que gostaria de participar mais ativamente das operações.

"Está precisando a gente entrar lá naquele barro (para tentar retirar os corpos), mas os bombeiros às vezes não deixam, eles têm medo do que pode acontecer com a gente."

Revezamento

Em outras partes do morro, onde morreram pelo menos 26 das 61 vítimas das chuvas na capital fluminense, moradores aguardam vistorias da Defesa Civil para deixar suas residências.

As paredes da casa de Isabel Teixeira Alves estão úmidas e há goteiras em boa parte da cozinha. Ela teme que a construção esteja prestes a desabar, como aconteceu com outras não muito longe dali, mas resiste em deixar o local.

"Eu não tenho como pagar o aluguel", diz Isabel, que afirma ter se cadastrado com a Defesa Civil na última quinta-feira para que seja feita uma vistoria, mas, até a tarde de sábado, não tinha obtido resposta.

Ela conta que vive com o medo de um novo deslizamento e, durante a noite, se reveza com a filha de modo que uma delas esteja acordada no caso de chuva.

"Eu durmo um pouquinho e ela fica ali sentada", diz.

As casas vazias dos vizinhos, que também parecem prestes a desabar, são a maior preocupação de Rosa Adália Sena Rodrigues.

"O perigo vem de cima, se a casa do vizinho,'pegada' com meu muro, está caindo, a minha também pode cair", diz.

Rosa também afirma ter feito um cadastro com a Defesa Civil na última quinta-feira, mas até agora não recebeu a ligação prometida.

"Não consigo dormir, a minha casa está caindo, como eu posso ficar aqui com crianças?"

"Alguém tem que vir aqui para me dizer o que eu tenho que fazer. Estou querendo uma vistoria, uma solução para eu tomar uma decisão sobre minha vida", diz Rosa.

Orientação

A assessoria de imprensa da Defesa Civil do Rio de Janeiro informou que as vistorias no Morro dos Prazeres seguem uma "ordem de prioridades", mas que todos os moradores que se sentem ameaçados são orientados a deixar suas casas

Segundo a Defesa Civil, cerca de 300 casas já foram interditadas no morro e 1,2 mil pessoas já deixaram o local.
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