O PSB realiza nesta terça-feira uma reunião para decidir o papel que o partido vai desempenhar nas eleições presidenciais deste ano.
No centro do debate está a opção de descartar a pré-candidatura do deputado federal Ciro Gomes (CE) à sucessão presidencial - uma posição muito próxima de ser adotada, segundo representantes do próprio partido.
Na semana passada, ganhou fôlego a versão de que o PSB já teria decidido enterrar a possibilidade de uma candidatura própria, em prol de uma aliança com o PT da ex-ministra Dilma Rousseff.
Oficialmente, porém, o presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, diz que o assunto ainda está em aberto e que será discutido na reunião da executiva nacional, na tarde desta terça.
Indefinição
Os principais partidos com uma provável candidatura própria (PSDB, PT, PV e PSOL) já apresentaram os nomes que pretendem lançar nas eleições deste ano.
Já o PSB vinha adiando essa definição, dividido entre lançar-se sozinho na campanha - com Ciro Gomes - ou apoiar a candidata do governo Lula, Dilma Rousseff.
Para muitos analistas políticos, a indefinição acabou prejudicando Ciro Gomes nas pesquisas de intenção de voto. Considerando a média dos principais institutos, a preferência pelo deputado caiu de 17% em setembro para 8% em abril.
Em um artigo publicado há duas semanas em seu site, Ciro criticou a falta de apoio de seu partido. "O que é o PSB? Um ajuntamento como tantos outros, ou a expressão de um pensar audacioso e idealista sobre o Brasil? Vai se decidir isto agora", escreveu.
O deputado federal também criticou a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estaria, segundo ele, "navegando na maionese e se sentindo o Todo-Poderoso".
Em entrevista ao portal iG na última sexta-feira, Ciro disse considerar Dilma "melhor como pessoa", mas acrescentou que Serra seria "mais preparado, mais capaz" para assumir a Presidência.
Tempo de TV
Dentro do PSB, a ala contrária a uma candidatura própria argumenta que o tempo de TV do partido - de pouco mais de um minuto - seria insuficiente para sustentar a campanha.
Ainda de acordo com essa avaliação, a saída para o PSB seria o fortalecimento da legenda nos governos estaduais e no Legislativo (Câmara e Senado), o que deixaria o partido com mais espaço na TV em disputas futuras.
Segundo um deputado filiado ao PSB, o caminho "natural" é o apoio a Dilma Rousseff, já que o partido faz parte da base aliada ao governo Lula.
Mas, segundo essa mesma fonte, os partidos ainda vão "sentar para discutir" os detalhes de uma aliança e como será sua composição nos Estados.
Pesquisas
Se confirmada, a saída de Ciro Gomes do cenário eleitoral deverá colocar a disputa à Presidência ainda mais perto de uma polarização entre Serra e Dilma.
Não há consenso, porém, sobre o que acontecerá com os votos que até então vinham sendo previstos para Ciro.
As últimas pesquisas do Ibope e do Datafolha indicam que, em um cenário sem Ciro Gomes, Serra ganharia quatro pontos percentuais, Dilma, de dois a três pontos, e Marina, dois pontos - resultado que beneficia o tucano.
Já o cientista político Alberto Carlos Almeida tem outra interpretação. Na opinião dele, uma avaliação "ao longo do tempo" aponta a ex-ministra em posição de vantagem em um cenário sem Ciro Gomes.
"Desde novembro, Ciro vem caindo nas pesquisas, enquanto Dilma vem subindo", diz.
Segundo ele, o eleitor de Ciro está majoritariamente no Nordeste e se identifica mais com o governo Lula.
"O Serra é muito conhecido (no Nordeste), e eles, mesmo assim, não votam no Serra", diz o cientista político.