Não é só o combate ao Aedes aegypti, mosquito causador da dengue, que está preocupando o município de Cuiabá. Aqueles que desenvolveram a versão hemorrágica da doença estão precisando de doadores de sangue. A Dengue Hemorrágica tem o poder de, rapidamente, reduzir os níveis de plaquetas, um dos componentes do sangue. Portanto, com a epidemia da doença na cidade, os bancos de sangue estão com seus estoques de plaquetas zerados. As doações, neste momento, são fundamentais e irão salvar vidas.

A técnica em transfusão de sangue do Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (HPSMC), Marta de Paula Neves, explica que quando uma pessoa doa sangue, o material colhido é separado em três partes. Uma é o concentrado de hemácias, o líquido vermelho que chamamos de sangue. Outra é o plasma e, a terceira, é o concentrado de plaquetas, um líquido transparente de cor amarelada. Essa substância é a que está faltando para os pacientes de dengue hemorrágica.

De cada doador é retirada uma bolsa de sangue de 450 ml e, dessa quantidade, são retirados, em média, apenas 58 ml do concentrado de plaquetas. “Para cada paciente que chega aqui com dengue hemorrágica, o médico já pede algo entre 7 e 8 bolsas dessas (58 ml) de plaquetas, de início”, explica Marta.

Sem necessidade de análises matemáticas mais profundas, é possível verificar que a situação é bastante complicada. Cada paciente com a versão hemorrágica da doença vai precisar, logo no princípio, de 7 ou 8 outras pessoas que tenham passado por um banco de sangue para fazer sua contribuição.

Nair Araújo de Almeida, outra técnica em transfusão do Pronto Socorro, diz que, nesses últimos dias, tem sentido um crescimento de doadores. “Acho que é porque as pessoas estão ouvindo nosso chamado, estão vendo as notícias e ficam sabendo da situação”, diz.

Douglas Dorce Domingues, de 21 anos, foi uma dessas pessoas. Ele viu uma matéria na televisão e, no dia seguinte, já foi procurar o banco de sangue. É a primeira vez que doa sangue e diz que pretende fazer disso um hábito.

Sueli dos Santos, 25, é técnica de enfermagem, ali mesmo do Pronto Socorro, e fez uma pausa no serviço para ir até a sala de doações, fazer sua parte. Doar sangue para ela já é uma tarefa frequente. “Para começar, falam que o sangue fica ralo. Isso não é verdade”, diz Sueli, alertando que ainda existem alguns mitos sobre a doação que devem ser quebrados. “Trabalho em um setor que também sobrevive de doação, que é o banco de leite. Então, sei da importância que tem cada pessoa que contribui”.

O coordenador do Banco de Sangue do HPSMC, Dr. René Gentil de Carvalho, diz que uma pessoa precisa de algo em torno de 20 minutos para doar sangue. Tem que ter mais de 50 quilos e gozar de boas condições de saúde. “A pessoa chega aqui, responde a um questionário, fazemos alguns testes simples como de pressão e uma triagem hematológica para ver se ela não tem anemia”, explica o médico. Com tudo certo nessa primeira parte, que é bastante rápida, a pessoa já pode doar seu sangue. Depois, o sangue recolhido vai para análise, para que possam ser feitos todos os exames necessários para a liberação, ou não, do sangue para transfusão. Se estiver tudo certo com o material recolhido, ele irá passar por um processo para que sejam separados os seus três componentes.

O Dr. René acredita que nesta semana os estoques de plaquetas vão aumentar. “O brasileiro é excelente. Vê uma notícia e já corre para ajudar”, anima-se. A técnica Marta orienta que quem quiser doar sangue não consuma bebida alcoólicas no dia anterior e não vá fazer a doação em jejum, pois precisa estar bem alimentada, e tenha um bom estado de saúde. “Ela também não pode ter sido operada ou perdido muito sangue recentemente”.

O Banco de Sangue do HPSMC funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 12 horas e das 14 às 18 horas. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones 3624-1062 e 3624-0440.