A ex-coordenadora de controle da Conta Única do Estado, Magda Mara Curvo Muniz, admitiu à polícia fazendária em interrogatório ao longo da última quarta-feira (23) que “pisou na bola” ao determinar a elaboração de uma lista de destinatários de recursos do erário por serviços nunca prestados à Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) e cujos valores sequer foram cobrados pela instituição – o que gerou um rombo estimado em mais R$ 12,9 milhões.

Magda explicou à delegada fazendária Cleibe Aparecida de Paula que, no final de 2011, o servidor terceirizado Edson Rodrigo Ferreira Gomes informou haver pagamentos pendentes a serem regularizados com a Unemat por meio do sistema BB PAG. Segundo determinara o superintendente de gestão financeira estadual, Mauro Nakamura, as pendências deveriam ser resolvidas por meio de ofícios; ou seja, a Unemat deveria ser provocada a enviar à Sefaz ofícios detalhando os pagamentos a serem efetuados.

Servidora da Unemat e investigada pela Defaz, Joanice Batista do Espírito Santo foi contatada por Magda, que lhe requereu os ofícios sem antes tentar averiguar se de fato havia uma solicitação por pagamentos da parte da Unemat. O terceirizado Glaucyo Fabian Nascimento Ota recebeu os ofícios via e-mail e repassou a Magda, que afirma ter visto os nomes constantes na lista de recebimento, todavia “não prestou atenção” pois “sequer enxerga direito” (segundo consta do termo do interrogatório disponibilizado pela Defaz).

A ex-coordenadora completou afirmando que Joanice sequer fez questionamento algum a respeito do procedimento adotado e que ela também chegou a receber parte da quantia dos repasses.

Perguntada pela delegada porque havia determinado a elaboração de uma lista de pagamentos que sequer haviam sido solicitados pela própria Unemat, Magda explicou que “não sabe porque tomou tal atitude, mas acha que ‘pisou na bola’”. Ela admitiu que este não era o procedimento usual dentro da coordenadoria (pois as pendências eram informadas pelos próprios órgãos demandantes). Apenas neste caso a coordenadoria tomou a iniciativa, contou a ex-servidora.

Bagunça

Dentre as afirmações polêmicas de Magda à polícia, está a de que tais irregularidades acabavam acontecendo no setor da Conta Única devido à “desorganização” tanto na Unemat quanto na Sefaz. Tal situação foi fator preponderante para a ocorrência de fraudes, afirmou, não só dessas sob investigação da Defaz, mas também de outras eventuais que poderão surgir.

No depoimento, Magda informou inclusive que o reitor da Unemat, Adriano Silva, chegou a ficar “furioso” ao descobrir as irregularidades, que foram assunto de reunião convocada por ele. Segundo o depoimento de Joanice, que veio à baila durante o interrogatório de ontem, também foi revelado que Magda previu que se complicaria na Justiça devido às fraudes. “Vamos todos para o Ministério Público”, teria dito a Joanice. Antes disso, Magda já teria ameaçado Joanice por conta da crise gerada na Unemat, episódio que ela negou à Defaz.