O  empresário Willians Paulo Mischur, de 46 anos, proprietário da empresa Consignum Gestão de Margem Consignável, afirmou em depoimento à Delegacia Fazendária, no último dia 15 de março, que o gabinete do então governador do Estado Silval Barbosa (PMDB), no Palácio Paiaguás, foi  palco de uma ‘reunião’ para que o mesmo confirmasse a Silval os valores de propina destinados mensalmente ao então secretário de Administração César Zílio e, que posteriormente, rateados  por ‘membros do esquema’.

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No depoimento, ele declarou que em um domingo coube a Pedro Elias Domingos (que ainda não era titular de nenhuma pasta do Governo) buscá-lo em casa. Na sequência foi levado até a sede do Palácio, no Centro Político Administrativo.
 
Por medida de segurança, Mischur entrou pelos fundos do Palácio e se dirigiu até o gabinete onde encontrou Barbosa.  Em trecho de depoimento à Polícia, consta: “Tendo Silval perguntado para o declarante quanto ele estava pagando para César (Zílio, secretário de Administração), tendo o declarante respondido que era em média R$ 500 mil mensais, tendo Silval dito que estava tudo certo”.  Na sequência, ele deixou a sala.


Willians avalia ainda que percebeu que Pedro Elias (que assumiu a pasta da Administração em 2014) era a “pessoa usada por Silval para acompanhar e fiscalizar se as propinas estavam sendo repassadas de forma correta – era o fiscal das propinas”.
 
Meses depois ao encontro, após Pedro assumir a pasta da Administração em MT, começou então uma "guerra”  entre titular e ex-gestor. Pedro afirmava  que estava a mando do governador e os pagamentos deveriam ser feitos a ele. César dizia o inverso e  o alertou de que a rotina de pagamentos deveria ser mantida.
 
No histórico apresentado por Mischur ele  relatou em detalhes que passou a atuar no Estado e no ano de 2008. No ano de 2011, ele foi chamado pelo então secretário César para uma conversa.  Durante o diálogo, Zílio afirmou que o governo tinha muitas dívidas de campanha e, que pelos relatórios mensais da empresa de análise de crédito para empréstimos consignados, Willians teria de pagar pelo menos  R$ 500 mil para continuar com o contrato.
 
Histórico
  
Ainda segundo Mischur, a cobrança de propina começou em 2011 e tinham como destino o pagamento de dívidas de campanha. Era César quem definia os valores de acordo com análise dos relatórios apresentados, entre  R$ 500 mil a R$ 700 mil. Mesmo quando o faturamento era menor, Mischur,  exigia o mínimo de meio milhão de reais,  pois, ‘não poderia entregar uma parte menor para seu chefe”. 

O empresário 

Willians foi preso na segunda fase da Sodoma em 11 de março. Cheques usados no pagamento das propinas foram empregados para a compra de um imóvel avaliado em R$ 13 milhões, em Cuiabá. A área pertenceria ao ex-gestor César, que foi preso na ação acusado de lavagem de dinheiro. Na casa de Willians, a Polícia Civil apreendeu a quantia de R$1 milhão.  
 
Outro Lado

Silval Barbosa, ao deixar a sede da Defaz na tarde de hoje, 23, onde foi levado para prestar depoimento negou conhecer o empresário, qualquer envolvimento com esquemas de propinas e disse que Mischur é um mentiroso. "Aqui todo mundo que mente fala que deu dinheiro para mim. Se ele nem me conhece. Aqui tudo que falam é verdade”, afirmou.

Ao ser questionado sobre receber propinas do empresário e o emprego do dinheiro para pagamento de um terreno no valor de R$ 13 milhões, em Cuiabá, Zílio manteve o silêncio em depoimento.