Olá, viajantes! Chegamos na Bahia. Talvez a primeira coisa que te venha à mente ao ouvir falar daqui seja praia, moqueca, água de coco, Pelourinho, Olodum... Se você vier e for na festa do "Pelô", ok, tudo certo. Mas se você não for para o litoral, pense em Caetité. Cogite Chapada Diamantina.
Caetité é uma pequena cidade do Alto Sertão baiano. Por trás do tamanho e da baixa densidade populacional, há uma rica história de um local que foi importantíssimo na Bahia, um polo da região sertaneja do Estado. Pode não estar na rota dos viajantes mais “tradicionais”, com estadias mais curtas e viagens de avião, mas se o trajeto for de carro, como é o nosso caso, é uma ótima opção para uma parada.
Localizada em uma área de transição entre cerrado e caatinga, tem clima ameno, cercada por roças. Na praça central você encontra um acarajé à venda com facilidade, mas a comida, de maneira geral, guarda boas distâncias com a do litoral. As opções aqui são mais próximas da comida identificada como mineira.
O município no século 17 era ponto de pouso para tropeiros que viajavam para minerar em Minas Gerais ou na Chapada Diamantina. Na feira da cidade, em meio a comidas mais conhecidas, comemos palma (um tipo de cacto) e mamão verde refogado. O requeijão baiano é item "obrigatório", assim como o “tijolo”, doce de rapadura com massa de mandioca. O pequi também é a apreciado.
Passamos por Caetité para buscar as raízes da família de Isabela, que assina essa coluna ao lado de Lucas. Na busca, conhecemos também a pequena cidade de Riacho de Santana. Os detalhes da passagem e desta busca estão registrados em vídeo e em áudio. Confira abaixo:
Tem Chapada e até "Pantanal" na Bahia
Você que lê está coluna de Mato Grosso deve estar questionando se há motivos para sair do estado para ver outra chapada. Vale sim. Vale muito. Passamos pela dos Veadeiros em Goiás na coluna passada e ainda assim nos surpreendemos com a Diamantina.
São tantas opções de atrativos turísticos que vale a pena planejar um bom roteiro antes de vir. No nosso caso, entramos por Mucugê e nos instalamos na cidade para explorar a região. Além da natureza deslumbrante, há museus que contam a história do garimpo no local.
Próximo da entrada do município, tem a cachoeira da Moça Loira, com espaço para estacionamento e acesso gratuito. A queda e pequena e o poço também, mas pela facilidade de ingresso, vale a pena ir, assim como a Rio de Pedras, mas essa segunda tem uma trilha maior.
Fica também em Mucugê o Projeto Sempre Viva, destinado à preservação da planta homônima que foi extraída de maneira predatória e está ameaçada. Há no local um memorial sobre o garimpo na Chapada, mas o principal são as duas cachoeiras dentro da área, a Paiabinha e a Tiburtino. A poucos metros deste projeto, há um museu do garimpo, que detalha a história da exploração de minério no local.
Mas foi em Ibicoara, município vizinho, que encontramos a cachoeira que mais nos impactou na viagem, a do Buracão. Há uma trilha de 3 km para chegar nas águas, com passagem por outras quedas, mas a exuberância do destino final rouba a cena. Pouco antes de chegar a ela, é necessário passar por cânions inundados. A travessia é feita com colete salva-vidas. Após a passagem pelas paredes é possível ver a queda de 85 metros e nadar no poço.
Vale a pena ressaltar que as águas na Chapada Diamantina são escuras, fruto principalmente da decomposição de matéria orgânica. Entretanto, há opções que destoam dessa característica, como o Poço Azul, em Andaraí. Trata-se de uma caverna, com acesso feito com escadas de madeira, com pequena caminhada, em que o turista pode nadar em água cristalina. Há também a poucos quilômetros dali o Olho d’Água, poço também translúcido, mas a céu aberto. Para chegar lá é preciso atravessar o rio Paraguaçu de balsa.
Um ponto turístico um pouco incomum de Mucugê é o cemitério da cidade. E é a arquitetura do local que o torna especial. Chamado de Bizantino, o campo-santo foi construído aos pés de um paredão em 1850 e tem sepulturas que reproduzem igrejas católicas góticas em miniatura. Erguido às margens da rodovia BA-142, a necrópole fica fora da cidade pelo fato de ter sido feita durante surtos de cólera e varíola atingiram a localidade. Há relatos de que a influência bizantina veio dos compradores de diamantes de origem turca que viviam no local no auge da mineração. O cemitério é utilizado até hoje e sepulturas mais recentes ainda mantém o estilo original.
"Pantanal" na Bahia?
Um dos atrativos turísticos da Chapada Diamantina é o Marimbus, conhecido como Pantanal. Uma planície inundada por diversos rios, com natureza exuberante, repleta de plantas aquáticas. O turista é conduzido por canoa pelas águas que refletem o céu em perfeita simetria. Conversamos com colegas baianos que estavam extasiados após o passeio. Nos mostraram vídeos, encantados com a beleza. O valor para o ingresso no local é R$ 70 por pessoa. É realmente lindo, mas nós, acostumados com o Pantanal mato-grossense, acabamos optando por deixar esse "rolê" pra lá.
Essa foi só uma parte muito pequena das atrações da Chapada Diamantina. Infelizmente, nossa Kombi quebrou e não encontrávamos peças nas cidades vizinhas para continuar o passeio e ficamos muito tempo presos no mecânico, o que atrapalhou nosso cronograma. Agora já está tudo bem e estamos seguindo viagem. A coluna Pelos Brasis é assinada pelos jornalistas Lucas Bólico e Isabela Mercuri. Acompanhe o projeto no Instagram, TikTok, Youtube e Spotfy.
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