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Quarta-feira, 17 de julho de 2024

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'Quero reencontrá-lo vivo', diz mãe de bebê desaparecido há um ano, em RO

Foto: (Foto: Arquivo Pessoal )

'Quero justiça', diz mãe de Nicolas Naitz, desaparecido há um ano, em Porto Velho

'Quero justiça', diz mãe de Nicolas Naitz, desaparecido há um ano, em Porto Velho

Um ano após o recém-nascido Nicolas Naitz desaparecer durante uma transferência entre hospitais em Porto Velho, a mãe da criança, Marcieli Naitz, ainda espera encontrá-lo vivo. Na casa da família, em Cujubim (RO), o quarto e o berço do bebê permanecem decorados. A criança, supostamente já morta, sumiu em maio de 2014. Seis meses depois, a Polícia Civil concluiu que Nicolas morreu um dia após o nascimento e que o corpo dele foi incinerado por engano. Os pais não aceitam a versão e pediram ao Ministério Público a reabertura dasinvestigações.


Desde a notícia da morte do filho, Marcieli não se conforma, principalmente, porque nunca viu o corpo do filho. Ela guarda todas as roupas e o enxoval completo do bebê com carinho, na expectativa de ter Nicolas na casa. "Tenho esperanças sim de reencontrá-lo, de vê-lo chegando em casa, de ouvir ele me chamando de mamãe pela primeira vez. Quero reencontrá-lo vivo", afirma. 

O caso Nicolas teve início no dia 22 de maio de 2014, no hospital de Cujubim, quando os médicos solicitaram a transferência de Marcieli para a capital. Na viagem, a ambulância teve que parar em Candeias do Jamari (RO), porque a mãe já estava em trabalho de parto avançado. O nascimento ocorreu no hospital da cidade, e, de lá, Marcieli e Nicolas foram encaminhados para Porto Velho. A mãe foi direto para o Hospital de Base (HB) e o bebê foi internado no Hospital Infantil Cosme Damião.

Desde a internação no HB, Marcieli não viu mais o filho. A avó do recém-nascido, Irenilda Naitz, acompanhou a criança desde a chegada à capital. Do Hospital Cosme Damião, Nicolas foi encaminhado para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal da maternidade Regina Pacis, onde Nicolas teria falecido às 18h. Iranilda conta que, quando foi informada do falecimento, apenas recebeu o atestado de óbito, foi autorizada a ver o neto somente de longe e logo foi retirada da sala. Essa foi a última vez que a família viu a criança.

Em seguida, uma enfermeira informou a avó que o corpo deveria ser levado para o Hospital de Base, já que a maternidade não possui câmara fria. "Quando chegou a ambulância, a enfermeira desceu com supostamente um feto enrolado em um pano branco, não deixando a minha mãe encostar ou ver se era mesmo meu bebê lá dentro", relata Marcieli sobre a suposta morte de Nicolas.

No dia seguinte, quando a mãe teve alta e foi buscar o corpo do bebê, juntamente com funcionário da funerária contratada pela família, foi informada de que não foi registrada a entrada de qualquer criança no necrotério do HB. Marcieli diz que um funcionário do local confirmou a chegada de um lençol, mas sem um corpo.

A Polícia Civil investigou o caso por seis meses e chegou à conclusão de que o corpo de Nicolas foi recolhido e incinerado por engano por funcionários de uma empresa terceirizada do Hospital de Base. O inquérito montado pela polícia nunca convenceu a mãe.  "Eu espero que esse caso seja resolvido, pois até agora está todo mundo de boa e eu sem o meu filho. Não tem cabimento a história contada", rebate Marcieli.

Além de não se conformar com o resultado das investigações da polícia, a mãe diz que a dor de estar longe do filho não passa. "Sempre me lembro dele à noite. Acordo pensando nele. Nunca passou a vontade de reencontrá-lo, por isso nem mandei desmanchar o quarto", diz, emocionada.

Novas apurações
O inquérito concluído da Polícia Civil, com a versão de que o cadáver de Nicolas foi incinerado por engano, foi encaminhado ao Ministério Público de Rondônia (MPRO). A família do bebê procurou o órgão para pedir a reabertura do caso. O MPRO também entende que o sumiço do recém-nascido ainda não foi esclarecido, por isso acatou o pedido e determinou novas apurações. De acordo com o órgão, a polícia precisa provar que o bebê realmente não desapareceu após dar entrada no Hospital de Base.

O diretor-geral da Polícia Civil em Rondônia, Pedro Mancebo, informou que o caso, antes investigado pela Delegacia de Homicídios, agora foi repassado para a Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente (DPCA). "Posso falar que é cedo para dar qualquer resultado. Ele [o delegado] vai fazer o levantamento das linhas de investigação para dar procedimento, pois os autos não são pequenos", afirma.

Mancebo lembra que a DPCA iniciou as investigações assim que o sumiço de Nicolas foi comunicado. "O inquérito teve início na DPCA e com certeza foi feito um brilhante trabalho. Foram tomados diversos depoimentos e interrogatórios com pessoas da maternidade", explica. Devido à repercussão do caso, a polícia decidiu passar as apurações para a Delegacia de Homícidios.

Segundo o diretor, a hipótese de desaparecimento foi descartada na primeira investigação após os depoimentos de funcionários da empresa terceirizada do HB que convenceram o delegado sobre a incineração da criança. "Durante a investigação na Delegacia de Homicídio, o delegado ficou convencido na investigação em que deu procedimento, de que as pessoas que falaram sobre a incineração estavam realmente dizendo a verdade", ressalta.

Mas, para o Ministério Público, o desaparecimento não pode ser totalmente descartado. Mancebo garante que o novo delegado vai atender a determinação do MP e tentar esgotar todas as outras linhas possíveis de investigação.

O novo inquérito sobre o caso Nicolas deve ser concluído até o final de junho.
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