A ala pediátrica do Pronto-Socorro de Cuiabá foi fiscalizada, nesta terça-feira (08), e relatório será encaminhado ao Tribunal de Justiça do Estado. Alguns problemas já foram diagnosticados, como por exemplo, superlotação de leitos, goteiras, instalação de internet realizada fora de normas técnicas e ausência de técnicos de manutenção.
“Vamos montar o relatório e mostrar o que deve ser feito. Em caso de descumprimento, o Ministério Público pode acionar a Secretaria Municipal de Saúde”, afirmou a juíza da Primeira Vara Especializada da Infância e Juventude de Cuiabá, que fez o pedido de vistoria na unidade de saúde, Gleide Bispo dos Santos.
A pediatra Débora Gouget explica que atualmente os casos mais graves são encaminhados para a chamada ‘Sala Amarela’, considerada um espaço intermediário, onde a criança é estabilizada e avaliada sobre a possibilidade de permanecer no local ou ser remanejada para a UTI de outro hospital. O local tem espaço para cinco leitos, mas está sempre superlotada, atendendo mais pessoas que o recomendado.
Em outra ala pediátrica do Pronto-Socorro de Cuiabá a situação não é diferente. A ‘Sala Verde’ onde ficam pacientes estáveis, sem risco de morte, mas que dependem da internação, chegam a permanecer meses internados.
“Neste espaço os pacientes deveriam ficar entre 48 e 72 horas, mas terminam passando até meses porque o Pronto-Socorro não tem enfermaria. Desativaram e não temos onde colocar as crianças”, reclama a médica.
A médica Débora Gouget afirma que houve procura por parte dos profissionais junto à Secretaria Municipal de Saúde, mas foi em vão. Ela diz que desde maio do ano passado, quando a enfermaria e os leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal e pediátrico foram desativados, os funcionários buscam medidas com a Secretaria para reativar os espaços e garantir melhor estrutura e equipamentos para oferecer um atendimento de qualidade aos pacientes.
A magistrada Gleide Bispo dos Santos diz que a presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Dalva Alves das Neves, e por pediatras da unidade de saúde que convivem diariamente com os problemas de falta de estrutura básica e complexa de atendimento a procuraram com as denúncias.
De acordo com a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, a médica destaca que a equipe pediátrica lutava por uma reforma na UTI, mas os profissionais terminaram sendo surpreendidos com o fechamento da ala e, posteriormente, com a transformação do local em UTI adulto.
Ainda segundo a assessoria de imprensa, participaram da fiscalização representantes do Conselho Regional de Medicina (CRM), Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional de Mato Grosso (Crefito-MT), Conselho Regional de Enfermagem de Mato Grosso (Coren-MT), e do Corpo de Bombeiros.
Cada órgão vai apresentar um relatório apontando as falhas e problemas da ala pediátrica do Pronto-Socorro de Cuiabá para que o Poder Judiciário de Mato Grosso negocie com a Secretaria Municipal de Saúde. “Vamos nos reunir todos novamente para que a Secretaria de Saúde de Cuiabá dê encaminhamentos para resolução dos problemas”, assegura a magistrada.
