Alunos de escolas da rede pública estadual de Porto Velho reclamam por não poderem utilizar computadores com acesso a internet disponíveis nos laboratórios de informática das instituições de ensino. A justificativa da gestão das escolas é a falta de profissional para trabalhar no laboratório de informática e coordenar as atividades. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc), responsável por fazer a lotação dos servidores contratados, disse que não foi informada da falta de servidores.
É um recurso que ajuda a melhorar o aprendizado com certeza. Mas, nesse ano ainda não utilizamos a sala, nem para pesquisas nem para aulas"
Sabrina e Mateus Pescador, estudantes
Na Escola Estadual Petrônio Barcelos, no Bairro Nova Porto Velho, o laboratório de informática está equipado com 20 computadores e é utilizado apenas por alguns professores que já têm domínio da ferramenta. "O nosso problema é a falta de coordenador para o laboratório”, justifica Edilene da Silva Souza, diretora.
Edilene explica que apenas o período noturno tem servidor lotado no laboratório. Mas lembra, que os professores ainda não estão utilizando com mais frequência porque é início do ano letivo e os docentes estão em processo de organização das aulas.
Para os irmãos Sabrina e Mateus Pescador, de 16 e 15 anos, respectivamente, alunos da Escola Petrônio Barcelos, a ferramenta é fundamental para tornar as aulas mais atrativas. “É um recurso que ajuda a melhorar o aprendizado com certeza. Mas nesse ano ainda não utilizamos a sala, nem para pesquisas nem para aulas”, dizem os irmãos. Sabrina comenta que em 2012 utilizou algumas vezes o laboratório, mas neste ano isso ainda não aconteceu.
Para amenizar o problema, a diretora diz que a coordenadora da sala da TV Escola ajuda na hora em que os alunos precisam utilizar o laboratório. “Tudo deve ser agendado. Se o aluno precisa utilizar o laboratório de informática, ele deve procurar e agendar o horário para não haver confrontos com professores utilizando para ministrar aulas", diz a diretora.
Essa também é a realidade na Escola Estadual Orlando Freire, que durante dois anos esteve em reformas. Apesar de estruturado com 32 máquinas, a utilização do laboratório de informática começará de fato este ano, segundo a vice-diretora Suely de Souza. Para utilizar o espaço, o aluno também precisa agendar com os dois coordenadores, da manhã e da tarde. O período noturno ainda está sem coordenador.
O aluno José Victor, de 17 anos, garante que a ferramenta é necessária para melhorar o aprendizado, principalmente porque está sem computador em casa. Segundo o estudante, a primeira vez que o laboratório foi utilizado foi em fevereiro para a inscrição em um curso. “Fiquei feliz e espero que possamos utilizar esta ferramenta o ano inteiro”, diz José Victor.
A estudante Camila Rafaela, de 16 anos, diz que a ferramenta deveria ser utilizada diariamente, pois agiliza e amplia a pesquisa na hora de estudar e fazer os trabalhos. “Eu já utilizei em outras escolas e sei como é mais fácil pesquisar na internet do que em livros na biblioteca”, afirma Camila.
A professora Rita Graças, uma das coordenadoras do laboratório de informática, diz que os professores estão se organizando para utilizar o laboratório. "Os professores têm se organizado tanto para planejar aulas, quanto para trazer os alunos para o laboratório. Além dos alunos gostarem, dinamiza as aulas", enfatiza Rita.
De acordo com a secretária de Educação, Izabel Luz, cerca de 300 técnicos recém-aprovados em concurso público estão sendo convocados. "Já houve algumas contratações e ainda faremos mais. Entre os convocados estão técnicos adminstrativos que podem ser lotados nos laboratórios de informática", diz a secretária.
Sucesso
Na Escola Dom Pedro I, a diretora Maura Bragado comenta os avanços que o laboratório proporcionou à escola. "Todos os horários para utilização do laboratório ficam agendados. Os alunos se interessam e participam mais das aulas. Os professores também têm buscado se profissionalizar para trabalhar com os recursos multimídias", diz Maura.
Entretanto, nem sempre foi assim. Maura conta que o laboratório de informática atual, com as 27 máquinas que atendem aos 350 alunos da escola demorou para ser um espaço de pesquisa. "Levamos cerca de dez anos para conseguir deixar o laboratório como ele está hoje. No começo só chegaram os monitores, depois de três anos chegaram os gabinetes e ainda tivemos que mexer em toda a instalação elétrica. Foi difícil e demorado, mas valeu o esforço", relata.
Acessos
Nas unidades de ensino, o acesso é monitorado e o aluno pode utilizar a internet pelo celular e pelo próprio computador, através da internet sem fio disponibilizada pela escola. “Aqui eles não podem acessar sites que não estão ligados a pesquisa e aos estudos”, diz Reinaldo Ramos, coordenador do laboratório de informática na Escola Orlando Freire.
A diretora Edilene diz que o uso motiva os alunos a ficar mais tempo na escola, mas faz um alerta. "Os acessos pelo computador do laboratório são monitorados, mas o de uso pessoal do aluno, é quase impossível, orientamos, não temos controle total", ressalta a diretora.