“Espero que não façam outra injustiça, como fizeram comigo”. A frase é do vereador por Cuiabá cassado em 2009 por quebra de decoro parlamentar, Ralf Leite (PRTB), ao comentar o caso do presidente da Câmara, Júlio Pinheiro (PTB), acusado de agredir a esposa na madrugada da última sexta-feira (6).

Em entrevista por telefone concedida ao Olhar Direto, Ralf afirmou que foi punido prematuramente pela Câmara em um julgamento político, mas que por fim acabou absolvido na Justiça. “Torço para que desta vez não haja outra punição precipitada e errada”, defendeu Ralf.

De acordo com o ex-vereador, Pinheiro deve ter tempo para explicar o ocorrido e ampla defesa. Em setembro de 2011, a Justiça absolveu Leite das acusações de falsidade ideológica, corrupção ativa, uso de prerrogativa de vereador e exploração sexual. “Não existe mais o objeto utilizado para me cassar”, argumentou ao Olhar Direto na ocasião.

Ralf Leite foi pego em flagrante com um travesti menor de idade em Várzea Grande, em 2009, o que acarretou a cassação por quebra de decoro. Ainda naquele ano, antes de ser cassado, Ralf também foi acusado de agredir a namorada. De acordo com o boletim de ocorrência, ele teria batido na jovem e atirado a cabeça dela contra a parede, o que fez com que desmaiasse.

Na madrugada da última sexta-feira (6), o vereador Júlio Pinheiro acabou na delegacia após protagonizar cenas de ameaça e agressão contra a esposa Gisela Carolina Lacerda Pinheiro, 32 anos. A vítima relatou à policia que ele estava embriagado e começou a jogar pedras na janela de casa por volta de 3h. Quando ela abriu a porta, ele pegou um garfo de churrasco e partiu para cima dela. A esposa não quis representar contra ele pela Lei Maria da Penha, o vereador prestou depoimento e foi liberado.

Cassação de Deucimar

No mesmo passo em que pede cautela no caso de Pinheiro, Ralf cobra uma punição imediata a Deucimar Silva (PP), presidente da Câmara em 2009, ano em que foi realizada uma obra no prédio do legislativo que, segundo cálculo do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA), foi superfaturada em mais de R$ 1 milhão.

“Acredito que o Deucimar deve ter uma punição imediata e acho também que a Câmara está manobrando para ele não ser punido”, opinou. “Creio que o Deucimar vai querer usar o fato ocorrido com o Júlio Pinheiro para esconder a corrupção confirmada dele. O foco não pode ser desviado, as acusações contra o Deucimar são gravíssimas”, pontuou.

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Aualizada às 10h17