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Sexta-feira, 26 de abril de 2024

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Aos 17 anos, adolescentes fazem volta ao mundo sozinhos em barco

No universo dos navegadores, muitos sonham em velejar ao redor do mundo, mas apenas um pode ser o mais jovem a circum-navegar solitário o globo. Esse é o título que o americano Zac Sunderland e o inglês Michael Perham, ambos com 17 anos, estão disputando.


Zac iniciou sua viagem em 14 de junho do ano passado (quando ainda tinha 16 anos), saindo de Los Angeles (EUA) com o objetivo de dar uma volta ao mundo sozinho em seu veleiro.

Cinco meses mais tarde, Michael (conhecido como Mike), também com 16 anos à época, saiu velejando de Southampton (Inglaterra) com o mesmo propósito. Os dois buscam bater a marca do australiano David Dicks, que, em 1996, completou uma solitária volta ao mundo aos 18 anos e 41 dias de idade.

Nascido numa família de velejadores, desde pequeno Zac começou a desvendar as latitudes e longitudes dos mares, acompanhando seu pai, Laurence, um carpinteiro naval, em viagens para Austrália, Nova Zelândia e Reino Unido.

Aos sete anos, Mike também aprendeu a velejar com o pai, Peter Perham, um ex-oficial de navegação da marinha mercante inglesa. Quando tinha 14 anos, Mike fez história ao se tornar o mais jovem velejador a atravessar o Atlântico sozinho.

Os dois jovens não conheciam um ao outro até descobrirem que disputariam o mesmo recorde, cada qual fazendo sua viagem. Zac nasceu em 29 de novembro de 1991 e, agora, depois de pouco mais de nove meses velejando, está iniciando a parte final da jornada.

Mike, nascido em 16 de março de 1992, está quase chegando à metade de seu caminho. Para estabelecer um novo recorde, não importa quanto tempo leva a viagem, mas a idade do navegante ao retornar ao ponto de partida.

Por ser um pouco mais novo, Mike tem uma ligeira vantagem sobre Zac, podendo terminar a viagem até três meses e meio depois de seu colega norte-americano.

Cada um deles traçou uma rota de acordo com seus objetivos. Enquanto Zac está navegando em latitudes com ventos e mares tranquilos, Mike enfrenta as tempestades e os fortes ventos das latitudes ao sul.

Depois de sair da Califórnia, Zac parou no Havaí, atravessou o Pacífico até as Ilhas Marshall, seguiu rumo oeste e, no oceano Índico, encarou a situação mais difícil da viagem.

"A escora [peça que dá sustentação] do mastro se rompeu. Foi uma loucura, porque eu tive que ir repetidas vezes ao convés com o tempo ruim para tentar controlar aquele pedaço de metal se debatendo. Foi muito perigoso", conta Zac, em entrevista à Folha, por e-mail.

Em seguida, parou em diversas cidades na África do Sul, dobrou o cabo da Boa Esperança e agora está em Santa Helena, preparando-se para cruzar o Atlântico.

"Infelizmente, o Brasil não vai ser uma de minhas escalas. Eu gostaria, mas preciso me dirigir para o norte e chegar a Los Angeles antes que a temporada de furacões comece no Pacífico, em junho", lamenta Zac, preparando-se para o trecho de 3.800 milhas náuticas (quase 7.000 km), um dos maiores de sua viagem. A expectativa é de que jornada termine em maio ou junho próximos, pouco menos de um ano após a partida.

Passagem pelo Brasil

Já Mike, saindo da Inglaterra, parou em Portugal, nas Ilhas Canárias e em Cabo Verde. Aproximou-se da costa brasileira para aproveitar os ventos alísios e cruzar o Atlântico mais ao sul, rumo à Cidade do Cabo, na África do Sul. 

"Eu tive uma corrida incrível ao atravessar a linha do Equador. As calmarias da área não afetaram o meu progresso. Os golfinhos, baleias e albatrozes foram ótimas companhias", diz à Folha, também por e-mail.

Atualmente, Mike se aproxima da Austrália e ainda vai passar pelo cabo Horn e seguir para o Atlântico Norte, com possíveis escalas no Brasil.

Ele previa completar a viagem em quatro meses e meio, mas problemas no barco o fizeram perder um mês parado nas Ilhas Canárias e outro na Cidade do Cabo. Se as previsões de Zac se mantiverem, Mike precisa terminar a viagem até outubro deste ano para vencer.

Os barcos dos aventureiros são condizentes com o caminho que estão percorrendo. Zac tem um barco de cruzeiro, de 37 anos, o Intrepid (veja ficha acima), mais pesado, confortável e simples de dirigir. Mike tem um veleiro de regata, de 13 anos, o TotallyMoney.com, mais veloz.

Apesar das diferenças de barco e de rota, eles têm rotinas semelhantes. A dupla dorme em turnos de 30 minutos a uma hora, dependendo das condições de navegação.

Seus barcos têm um radar que fica ligado o tempo todo quando eles estão dormindo, e que dispara se alguma embarcação se aproxima. Comida enlatada e desidratada é o principal cardápio dos dois.

Ambos narram suas viagens em blogs, fazem vídeos e trazem consigo um iPod com a trilha musical da volta ao mundo. Os velejadores solitários também levam livros e tarefas escolares a bordo, preparam um livro sobre a viagem e juram que não falam sozinhos.

Encontro na África do Sul

As vidas de Mike e Zac não se cruzam apenas na semelhança de suas histórias. No mês passado, os dois se encontraram na Cidade do Cabo e conviveram por um tempo. Apesar da competição, houve identificação.

"Zac é um cara legal. Nós tivemos boas conversas. Eu realmente lhe desejo o melhor na busca de seu sonho", diz Mike.

O estadunidense, por sua vez, encontrou uma maneira de dividirem a importância de suas façanhas: "Não me preocupo com o progresso do Mike. Ele tem um barco mais veloz e é mais novo. Seria legal ser o recordista, mas, para mim, essa viagem sempre teve como foco a aventura. E, como o Mike é inglês, eu ainda serei o mais novo americano a completar a volta ao mundo sozinho".
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