“Ele (Galindo) está com visão política e não pela sociedade”. Foi com esta frase que o presidente do Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed), Ednaldo Lemos, rebateu as acusações do prefeito de Cuiabá, Chico Galindo (PTB), de que a classe só trouxe à tona a situação caótica do Hospital e Pronto Socorro Municipal para desviar o foco das denúncias de venda de lugares na fila de espera do Sistema Único de Saúde e retirar medicamentos de forma ilegal na unidade hospitalar.

Durante coletiva realizada na tarde desta quinta-feira (12), Lemos explicou que o sindicato não tomou nenhuma medida quanto às denúncias do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) de que seis servidores do Pronto Socorro de Cuiabá, dois deles médicos, estariam cobrando propina de pacientes para realizarem cirurgias no setor de ortopedia, por não ter tido acesso aos autos, que tramitam em segredo de justiça.

“Não podemos fazer juízo de valor dos médicos, pois ainda não tivemos acesso aos autos do processo. Nem se pode usar esses dois médicos para que reflete na ação de todos os servidores”, declarou o presidente do Sindimed.

O presidente do Sindicato dos Profissionais da Enfermagem (Sinpen), Djamir Soares, também participou da coletiva e anunciou que enfermeiros e médicos irão se unir e para a próxima semana a classe já deve aprovar um indicativo de greve.

“Há dois anos fizemos um acordo com o prefeito de regularizar o setor em Cuiabá, mas não houve mudanças. Há três dias tem paciente sem curativos no pronto-socorro. Não agüentamos mais ver pessoas morrendo”, desabafou Soares.

Na manhã desta quinta Galindo abriu as portas da unidade, que atende todo o Estado, e acusou a classe médica de tentar desviar o foco da operação. “Os médicos não se manifestaram sobre o roubo denunciado pelo Gaeco e o pronto-socorro só ‘acabou’ após as investigações da polícia”, afirmou o prefeito.